A TROCA

O que falta no novo longa de Clint Eastwood, A Troca, é o sal. E explico tal afirmação, pois Eastwood é um mestre e não há como negar, mas o roteiro de J. Michael Straczynski para adaptar a real história de Christine Collins, que tem o seu filho raptado e após meses de espera, quando tem seu filho de volta, suspeita de que o menino não seja o seu verdadeiro filho é irregular, dividindo o filme em tópicos e gêneros diferentes.
Por sinal a primeira e que se encaixa na sinopse acima é a melhor, onde Eastwood esbanja uma elegância ímpar em movimentos de câmera, amarrada e mostra Angelina Jolie em sintonia com a história em um drama envolvente. Mas com o andar da história isso se perde e vemos propositalmente uma estagnação emocional vinda da parte de todos os personagens, que são colocados a situações monstruosas, porém, sem que isso se eleve para o espectador, este que assume o posto sugerido por Eastwood.

Porém essas situações têm o mesmo alvo, que é Christine Collins, personagem de Jolie. Pois a polícia de Los Angeles, incompetente, forja o resgate do garoto e durante a segunda parte do filme, vemos Collins tentando provar de todas as maneiras que não é de fato o seu filho. Para passar por cima da polícia, Christine é submetida a situações que fariam o espectador criar um elo maior com a personagem e uma revolta natural, na parte sugerida como um filme político, onde temos o bem e o mal separados explicitamente representados por um pastor interpretado por John Malkovich e o chefe de polícia de Los Angeles, interpretado por Colm Feore, canastra como o seu personagem deve ser, mas sem o tal sal que falta, continuamos como meros espectadores.

Para o desfecho, temos algumas analogias e o retorno do fôlego adquirido nos primeiros minutos do filme, mas não por completo. A forma que a justiça é tratada é interessante e Jason Butler Harner vem tapar o buraco que faltou por quase toda a história e Jolie consegue entrar em sintonia com sua personagem. Eastwood comanda por todo filme com a citada elegância, mas nem o peso de sua direção consegue o salvar por completo o roteiro, que oscila muito não apenas nos gêneros, mas se perde entre a morna estagnação emocional e uma justiça envolvente separadas em tópicos.

★★
A TROCA (The Changeling, EUA, 2008) de Clint Eastwood

3 comentários:

  1. Ainda não vi "A Troca" mas sinceramente nem espero muito do filme, depois de tantas coisas desfavoráveis que eu andei lendo..E eu vi The Wrestler com legenda em português mesmo. achei nesse site http://www.opensubtitles.org/pt é excelente, encontro muita coisa aí.abraço

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  2. Não vi ainda, queria ver. Adoro Clint Eastwood.. mas confesso que também li coisas bem desfavoráveis, agora aqui também, rs..=*

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  3. Vixe, vou discordar de volta rsrsrsrs. O filme é cheio de mensagens entrelinhas sobre amor materno, corrupção e preconceito. A técncia é magistral e Clint não faz feio com o elenco, retirando tudo de mais precioso de cada um. Jolie, pra mim, está extraordinária! Uma das melhores composições femininas do ano!CUMPS!

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