FROST/NIXON


O apresentador de talk show sem credibilidade David Frost (que é britânico) não só investiu o futuro de sua carreira, mas também todo seu dinheiro para entrevista Richard Nixon e em troca conseguiu um dos momentos mais marcantes na história dos Estados Unidos, imortalizado e dirigido pelo metódico Ron Howard, mas que sabe agradar à todos e ganhou a indicação de melhor filme no Oscar deste ano.

Richard Nixon deixou o país traumatizado e renunciou a presidência após inconseqüentes escolhas e se envolver em escândalos, principalmente o que o levou a renuncia e o mais famoso deles: O Watergate, este que provava que o presidente tinha conhecimento das operações ilegais contra a oposição durante a campanha eleitoral. Nixon havia sido eleito pela maioria esmagadora durante a eleição e foi poupado por uma anistia. Já Frost, a beira da falência, acompanhou a renuncia de Nixon da Austrália, único país que ainda o mantinha nas grades de programação. A beira da falência, Frost resolveu cruzar o mundo e sem apoio de nenhuma emissora e patrocínios, teve que investir todo seu dinheiro para entrevistar o ex-presidente dos Estados Unidos.

O grande foco do filme está na ousadia de Frost, mas também garante o trunfo para os momentos seguintes, onde estudamos a personalidade do entrevistado e do entrevistador, com um roteiro dinâmico e atores muito bem preparados.

A premissa era de uma luta, um combate entre um inexperiente lutador contra o dono do cinturão, e não de uma entrevista. Ela teve regras, movimentos estudados pelos dois lados e intimidações feitas também pelos dois lados. Pelo lado de Frost, vivido por Michael Sheen, elas eram mais explícitas, porém um número muito menor, pois o poder estava nas mãos de Nixon, vivido pelo sensacional Frank Langella em uma atuação incrível. A mídia divulgava a entrevista muitos dias antes e a tensão foi aumentando a medida que a hora do primeiro dia da entrevista se aproximava. Frost, sempre inseguro quanto a sua aposta, tinha uma equipe corajosa, já o frio Nixon, uma calculista equipe.
Aos poucos vamos conhecendo o que cada um pensa e vive, de fato estudando a personalidade de cada um, conhecendo aos poucos cada oponente e suas fraquezas. É impossível não se envolver com uma história tão absurda e humana ao mesmo tempo. A cada intervalo da entrevista, vemos o cuidado dos assessores, que opinavam e cuidavam da imagem de cada um, como uma luta de boxe em proporções e emoções equivalentes. E nos dias que intercalavam as entrevistas, os conflitos continuavam o que deixa o filme mais humano e ritmado.

Howard comanda o filme com competência, no seu já clássico “método cinematográfico”, mas mesmo assim, consegue fazer um filmasso, focado em pequenos detalhes que também podem ser grandes como um monstro. Frost/Nixon é o registro de um momento importantíssimo para os Estados Unidos, um momento de acerto de contas com a sociedade, esta que soube se segurar nos momentos difíceis, porém não mediu esforços para tirar quem comete injustiça, mesmo que de uma forma educada, algo que Nixon teve sorte de lidar.


FROST/NIXON (Idem, EUA/Inglaterra 2008.) de Ron Howard

2 comentários:

  1. Pedro, assino embaixo. Vi hoje o último dos cinco indicados, Milk, e o filme que maior impressão deixou em mim foi Frost/Nixon. O que menos me agradou, apesar de ter me divertido, foi Slumdog Millionaire. Este último deve levar o Oscar, pois parece um filme feito pra agradar mesmo. Abs.

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  2. Acho que o Michael Sheen também merecia uma indicação, né? Porque se ele não fosse tão bom no seu papel ele sumiria durante os embates com o Langella. Abs.

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