JCVD

Um astro com sua vida profissional e pessoal em crise resolve voltar para casa e tentar reconstruir tudo em sua terra natal. Estamos falando de ninguém menos que Jean Claude Van Damme e seu novo filme JCVD. Mas o que parecia a principio ser um dramalhão Mexicano vira um inteligente protesto e antes de tudo, um desabafo de um ator.
 
Van Damme interpreta a si mesmo, que participando filmes de baixo orçamento com produtores gananciosos e perdendo a guarda da filha nos Estados Unidos, volta a Bruxelas, na Bélgica, onde o ator nasceu e é feito de refém em um banco, mas para a mídia, ele é o mentor do seqüestro.

 A estética é uma cópia exata do que vemos nos filmes Europeus contemporâneos e a direção que consegue dosar com louvor a dinâmica de Guy Ritchie com momentos mais introspectivos como de Michel Haneke em Caché, por exemplo... E digo isso sem exageros, pois tudo é feito de propósito e totalmente inesperado. Pois até certo momento, vemos um bom filme sobre um seqüestro em um banco, sem muita relevância do porque Van Damme interpretar a si mesmo, apenas com questionamentos levantados sobre a veracidade e confiabilidade da mídia e o culto a imagem.

Até que Van Damme vira-se para a câmera e esquecemos a trama para um desabafo, mas sem se desligar por completo da história. Van Damme explica sua vida, seu desdém a posição de Hollywood aos atores, sua luta já vencida contra o vício das drogas e julgamentos vindos da mídia. O ator olha e mantém um diálogo direto com o espectador, usando a câmera como o veículo mais ágil e anárquico, algo que só o cinema pode nos oferecer.

A história é separada por tópicos, com nomes como “Resposta antes da pergunta” e “Ovo que cai em pedra”, para citar alguns, com a lógica referência dos métodos de construção de roteiros nos dias atuais e que ainda funcionam. Um jeito bastante irônico de se construir um filme para quem sempre foi de cair em clichês de filmes de ação, gênero que enquanto estava em alta, Van Damme tinha sua utilidade. Cada cena parece mostrar um desabafo e tudo feito com bastante precisão e até para a resolução da história, o deboche continua. E com a direção inteligente do Belga Mabrouk El Mechri, JCVD não é uma volta por cima e sim um grande dedo do meio para a indústria cinematográfica.

★★★★
JCVD (Idem,Belgica, 2008) de Mabrouk El Mechri

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