CHE - O ARGENTINO

Para o diretor Steven Soderbergh, o ideal seria uma exibição da saga de Che Guevara, sem intervalos, totalizando quase 5 horas de filme. Algo que só aconteceu nos Estados Unidos e mesmo assim, nas sessões especiais em que o público ganhava folhetos com fotos e informações sobre o longa. Aqui, Che, foi divido em duas partes: Che - O Argentino e Che - Guerrilha. E o que Soderbergh acertou em cheio foi em deixar o lado da guerra levemente pra trás e se focar no aspecto político e no lado humano - e sempre guerrilheiro - de Ernesto "Che" Guevara nesta primeira parte.
Uma breve apresentação do personagem e já estamos na mata, onde o exército da revolução cubana, liderada por Fidel Castro está lutando contra a ditadura e o exército Batista. Detalhes da vida de Che estão ali, mostrados com riqueza, porém para quem não está familiarizado com a história do asmático marxista, pode passar batido.
Entre imagens estáticas e uso de câmera na mão, Soderbergh consegue o equilíbrio técnico e fotografia trabalhada, realmente nos colocando ali, dentro da mata, junto com o exército, sem perder o cheiro do passado deixado entre o espectador e a tela. A fidelidade é realmente grande, sem contar o mais óbvio ponto da produção: A atuação de Benício Del Toro. O porto-riquenho é um monstro. Para mostrar o lado humano e preocupado com a boa índole e a justiça dentro de seu grupo, Del Toro consegue ir da serenidade a função de sua autoridade sem muitos problemas. Mesmo com muitos personagens importantes da história, a obviedade de personagens coadjuvantes aumenta perto da atuação de Del Toro.
As batalhas do exército de Fidel são balanceados de forma inteligente com momentos de Che, tempos mais tarde, nos Estados Unidos, durante sua estadia para declarações para as Nações Unidas e buscando direitos para os países da América Latina. Não existe uma quebra de ritmo e sim um momento para respiramos da linearidade de uma atividade que por vezes, se torna entediante. É interessante ver que muitos destes direitos viraram lendas, infelizmente. Não é a toa que tais sequências sejam colocadas com ausência de cores.

Guevara ficou em seu posto de médico por um tempo, cuidando dos feridos e dos locais, mas sempre atuante como cérebro da revolução e com moral o suficiente para se tornar líder, posto este que quando foi tomado, elevou o exército da revolução a um passo mais perto da vitória, pois Che tinham preocupações maiores e primordiais para um exército, muito maiores que apenas o manuseio de armas.

Tudo é dominado com bastante segurança pelo diretor, até sua última meia hora, quando as coisas parecem perder um pouco o foco, quando parecemos entrar num típico filme de guerra, mesmo com a facilidade de termos um background recente para nossas memórias, durante os conflitos em Santa Clara. Algumas cenas parecem ser bastante gratuítas e o ritmo é quebrado.

Mas, o mais importante não é deixado de lado, que é o cunho político e o lado humano de Che Guevara, que Soderbergh conseguiu dosar de forma inteligente, sem cair na mesmice de um filme de guerra e nem em uma espécie de tributo emotivo para um homem admirado por muitos, mas vale lembrar que esta é só a metade. A conclusão mesmo, só após o fim de Che - Guerrilha, que será lançado em maio deste ano em circuito nacional.
★★
Che - O Argentino (Che - The Argentine, França/Espanha/EUA 2008) de Steven Soderbergh

4 comentários:

  1. Eu comecei esse filme errado. Vi primeiro A Guerrilha. Pelo menos, vou ter uma sensação diferente da maioria…

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  2. é bem provável q esse nem passe nos cines da cidade onde moro. mas d qualquer forma, confiro em DVD. a maioria do pessoal considera melhor a 1° parte.abraço, Pedro.:)

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  3. Pedro, vi a postagem que deixou no meu blog ontem… e se Nirvana te deixou muitas influencias, posso te dizer meu caro, que para minha surpresa, quando chego ao seu blog esta manhã, simplesmente para agradecer a visita, me deparo com os comentários sobre o filme de uma pessoa que marcou muito a minha personalidade. O Che é para mim sinônimo de determinação e idealismo até hj! Ainda não pude ver o filme, mas com os comentários a respeito da atuação de Del Toro, já estou louca para conferir!Obrigada!Forte abraço!

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  4. Quero assistir, pelo diretor, pela qualidade. Mas contudo, odeio Che Guevara e esquerdistas. Vejo em casa, imagina ver isso no cinema? Só vai dar chatões pseudo-esquerdistas barbudos de botequim.HAHAHAHA (meus comentários sempre acrescentam muita coisa ao seu blog, eu sei ahushuashuahus)

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