ONDE VIVEM OS MONSTROS

 

Tente se lembrar de quando você tinha oito ou nove anos de idade. Toda aquela excitação de constantemente mergulhar em um mundo novo que raramente era entendido no primeiro contato. Aliás, entender é algo nada comum nesta idade; seja com seus pais, com o próprio corpo e muito menos com o que acontece fora de sua própria bolha, ou seja, sua própria imaginação. E é para dentro do imaginário do menino Max que Spike Jonze nos leva em Onde Vivem os Monstros, filme baseado na obra de Maurice Sendak.

Dono de seu próprio mundo, Max pode dormir na hora em que quiser e até mesmo fazer construções mirabolantes com a ajuda de seus amigos monstros, estes que guardam em si sentimentos em ebulição para materializar conflitos da vida adulta, pois Onde Vivem os Monstros é justamente sobre isso: crescer. Mesmo que não se compreenda o que esteja acontecendo no fim das contas. Jonze tem a sensibilidade aguçada para não afastar sua trama de uma fantasia palatável para o público mais novo, provavelmente atraído pela figura dos simpáticos monstrinhos.

Entre brutais conflitos sem nenhuma lição de moral para os adultos, o filme guarda momentos singelos que podem capturar atenção dos mais novos e aflorar um espírito nostálgico para os mais velhos. A imaginação de Max nos convida a um mergulho contemplativo, onde solidão, família, amor e amizade conduzem fios narrativos sob a sempre bem humorada e ao mesmo tempo rigorosa visão do diretor.

Se cada monstro é um ser composto por sentimentos tortos, o que eles fazem  de melhor é proteger um tempo que fica guardado em nós para sempre - a infância, provavelmente a melhor fase de nossas vidas. O importante é lembrar onde os monstros vivem diariamente: dentro de nós, protegendo essa fase tão bonita.

★★★★
Onde Vivem os Monstros (Where The Wild Things Are, EUA, 2009) de Spike Jonze

11 comentários:

  1. Where the Wild Things Are é provavelmente o filme familiar, mais genuíno, ingénuo e simples que tivemos oportunidade de ver. É uma viagem e tanto para nós adultos, um brilho nos olhos para as crianças. É sobretudo uma vontade incoerente de voltar a tal fase, encontrar um tal sítio de coisas selvagens, para depois voltar - ainda a tempo do jantar. 4/5

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  2. Após muita ansciedade verei amanhã!

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  3. O filme parece ser lindo, estou ansiosa pra ver, mas esse mes não sobrou tempo pra nada, rss.

    Lindo seu site :)

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  4. Muito fofo, gostei tambem...infelizmente a gente tem que crescer...

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  5. bela interpretação do filme. Eu gostei bastante da maneira com que Spike Jonze conduziu a obra de Maurice Sendak já que quase não há texto. A atuação do menino tb foi bem condizente com a idade dele...

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  6. já eu achei a decepção do ano até aqui. continuo considerando o Jonze um grande diretor de videoclipes que ainda não se encontrou no cinema.

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  7. Nossa, Pedro, que texto bonito. Adorei. Gostei bastante do filme também. Digamos que eu tava criando expectativas demais e por isso tenha me decepcionado um pouquinho, mas isso é culpa minha. Mas é ótimo, dei 8,5. Só pretendo ver novamente, porque aquilo é lindo demais!

    []s!

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  8. Eu adorei este filme! Desde já um dos melhores filmes [e roteiro adaptado] do ano! O garotinho é ótimo! Os monstros adoráveis! Dei risadas, me emocionei. Voltei a ser criança novamente assistindo ao filme! Abs!

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  9. Ansioso pra ver... ainda nesta semana confiro. Adorei a resenha.

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  10. Oi Pê :)

    Adorei seu texto sobre o filme e concordo muito quando vc diz sobre o espírito nostálgico que o filme trás, e a forma como o filme mostra como na infância a gente aprende um pouco de como vai ser quando formos adultos.

    Adorei o filme, mas tenho que dizer que não gostei do fim. Não dos fatos em si, mas como eles aconteceram. Pra mim deu a impressão de que eles "correram com os fatos", como se o tempo tivesse esgotando.

    Ainda assim, quero ver de novo.

    :*

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  11. O mundo é de quem o aprecia.

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