A ORIGEM

a origem 

Uma pequena e óbvia analogia às possibilidades do cinema pode ser atrelada ao roteiro de A Origem. Afinal, só a sétima pode se assemelhar tanto aos sonhos. Só na tela de cinema podemos ver a materialização de um sonho em “tempo real”. Esta brecha é explorada minuciosamente por Christopher Nolan, um diretor que sempre foge de convencionalismos. O tempo, a imersão, a sensação de queda e o vespertino despertar são apenas algumas identificações que o diretor desenvolve com o espectador. Sabendo desse vasto leque de informações, Nolan dispensa a fragmentação da narrativa, mas não deixa de confundir, o que é de praxe em seus filmes.

E criar a equivalência entre a realidade e os sonhos é o tour de force do filme de Nolan. A impressionante plástica e ótimo timing para representar e desconstruir facetas distintas deste estado aumentam o impacto para configurar um filme de gênero. Envolve-se muito mais pelos aspectos citados que pela trama em si. A construção do thriller é igual a qualquer outro. Não estamos à frente de um filme de múltiplas saídas, como os de David Lynch, por exemplo.

A composição de personagens e seus conflitos são batidos e não condizem com toda originalidade do filme. Estão lá os conflitos amorosos e as mesmas motivações para os personagens se corromperem: ganância e incerteza. Fica evidente em certo momento que Nolan busca criar uma nova experiência ao espectador sem ultrapassar as fronteiras de seu conforto. Que não saia da passividade e resolva interagir com o filme. Em devidas proporções, A Origem se conclui sem fugir de um lugar comum no cinema contemporâneo.
A Origem (Inception, EUA/Inglaterra, 2010) de Christopher Nolan

9 comentários:

  1. Ótima resenha! Acredito que o que venha à valer no filme seja exatamente o que está por fora da história...as sensações que ele procura trazer. Mas veremos, quero ver o filme antes. Beijos

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  2. Não é meu tipo preferido de filme mas eu quero ver mesmo assim. Não tem estreado nada grande e BOM.

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  3. Olá, Pedro!

    Bom, eu discordo um pouco de você e entendo o seu texto. Não acho que os dramas são realmente batidos. Na realidade, eles podem até ser mas não foram jogados apenas para dizer que o Cobb é um personagem complexo. Os dramas dele possuem uma grande interferência na trama e isso está lá durante todo o filme. Nolan consegue equilibrar o fato de ter vários sonhos dentro de um sonho somente, criando uma história orgânica e que funciona como ação, suspense, ficção científica e também como um drama.

    Acho interessante a sua visão, mas acredito que "A Origem" é uma experiência cinematográfica ousada em muitos sentidos.

    Abraçoos, cara!

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  4. Pedro,

    Acho que eu também pediria por uma outra conclusão. Porque o final ele apela para aquela coisa feliz ao invés do trágico. Eu acho que ele também poderia sair do "lugar-comum" nesse sentido.

    Eu só não aceito alguns críticos comparando o Nolan ao Kubrick, ao Coppola e a outros diretores clássicos. Vamos com calma, muita calma ahhaah Nolan é um grande diretor, mas o pessoal não precisa engrandecê-lo tanto assim haahha

    Abração, cara!

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  5. minhas expectativas para o filme estão altas, irei conferir ainda.

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  6. faço minhas as palavras do Cleber,minhas expectativas estão altíssima.abraços

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  7. Concordo contigo, Pedro.

    O filme me impressionou mais pelos contextos e simbolismo desenvolvido quanto ao 'sonho'...mas, há motivações que, para mim, não trouxe nada de inovador...meio cliche, sera?

    abs

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  8. Ummm... discordo que os conflitos são batidos. Alias, ganância? Fator que não possui importância para a narrativa. O âmago ali é o romance fortíssimo - e neste sentido achei os personagens muito bem construídos e contemplados.

    E acho que houve uma imensa interatividade. Aquele clímax de mais de uma hora, por exemplo, é de uma condução exigente e esforçada por parte não só do diretor, mas do editor - e o esforço é perceptível.

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  9. Acho que justifica o enredo do filme, mas a obra é sobre muito mais que isso. É aí que tá o valor do roteiro, desenvolver emoções paralelas que ao fim se convergem em pura poesia. Bem, minha opinião, rs.

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