DOIS IRMÃOS


O cinema de Daniel Burman tem a característica de construir relações humanas com proximidade assustadora à realidade.   Em Dois Irmãos, elimina-se conflitos cinematográficos, com gritos, choros e palavras cortantes. Está lá o desconforto do silêncio, a mágoa que incomoda o peito e atitudes egoístas nesta adaptação do romance Villa Laura.

Em devidas proporções, o filme de Burman remete a Expresso Darjeeling de Wes Anderson ao captar momentos comuns numa relação entre irmãos, apesar do filme do diretor argentino ser mais coeso para construir seus personagens e se concentrar nesta relação ao contrário do longa de Anderson.
Marcos e Susana vêem a idade chegar de maneiras diferentes. Mas a certeza é que alguns planos devem ser abortados – decepção à vista. Como irmãos, eles não estão à busca de um apoio mútuo e estão posicionados no roteiro como receptores de uma moral que só vem com o tempo e sofrimento, ou uma tardia maturidade, como preferir.

Dois Irmãos é sobre um período de aprendizado após um momento delicado onde cada um tem sua forma de reagir e se reerguer. É como um abraço pendente, mas que se tem muita vontade de dar. Mas com uma barreira de orgulho a ser batida. Um filme que, antes de qualquer coisa, fala sobre corações, independente da velocidade em que eles batem.


Dois Irmãos (Dos Hermanos, Argentina/Uruguai/França,2010) de Daniel Burman

2 comentários:

  1. AMO Daniel Burman!! Quero muito conferir este filme!

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  2. Não conheço o cinema de Daniel Burman. Tentei assistir no início deste ano a "Ninho Vazio" e não consegui. Quase vi este no Belas Artes, mas vi o trailer na sessão de "Aproximação" e acabou me desinteressando. Entretanto, comentários como o seu farão com que eu veja a película em breve.

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