NÃO SE PODE VIVER SEM AMOR


Em Não se Pode Viver sem Amor, Jorge Duran (Proibido Proibir) desbrava um Rio de Janeiro diferente da utopia de Carlos Saldanha e de campanhas publicitárias. Vemos uma cidade cinza, encardida e vazia, justificada pela proximidade do Natal, época que fragilidades emocionais são mais aparentes.

De narrativa fragmentada que levam ao previsível encontro dos núcleos no fim da trama – método popularizado por Alejandro González Iñárritu no ínicio da década passada, Duran procura o que lhe parece brusco: muitos closes, câmera trêmula e cortes secos, principalmente no primeiro ato, quando apresenta tortuosamente seus personagens. Em Não Se Pode Viver Sem Amor, a motivação vem entrelaçada aos atos de desespero (procurar o ex-marido em uma cidade desconhecida, se tornar um bandido para fugir com o grande amor ou largar a vida por um emprego na Suíça). O amor é coadjuvante e abstrato, tão qual a saída de Duran para desenvolver sua história.

Para suprir a explícita deficiência do texto, inserções lúdicas são atiradas ao espectador e mínguam o ritmo narrativo. Não existe lapidação no filme. A relação com os personagens é desgastada com inúmeros cortes. Neles, está uma poesia sem inspiração, ora de cunho social, ora existencial, como o espelho do personagem maior que é a cidade.  Declaração de experimentalismo ou fuga de dogmas a parte, nenhuma idéia se sustenta se não há um bom argumento. A última sequência serve como resumo do filme: anti-climático e nada eloquente.


Não se Pode Viver sem Amor (Idem, Brasil, 2010) de Jorge Duran

2 comentários:

  1. Pedro Henrique Gomes3 de junho de 2013 às 05:29

    Há quem diga se tratar do melhor filme do Durán. Não acho, mas também não acredito que ele seja tão ruim assim.

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