BELEZA ADORMECIDA


A metáfora da invasão ao corpo de Lucy (Emily Browning) na primeira sequência de Beleza Adormecida ganha proporções avessas pelo caminho tomado por Julia Leigh. Seu longa é remetente ao cinema de Roy Andersson, Ulrich Seidl e outros diretores do leste europeu pelo suporte do silêncio desconcertante, câmera estática e diálogos ríspidos, compensados pela plástica.

Entre o cansativo balé de fades, Leigh constrói conflitos implícitos, onde o desejo de sua protagonista é de ser invadida, penetrada. O paralelo vem de sua luta para manter as contas em dia com diversos empregos – que logo torna-se abstrato pelo comportamento autodestrutivo da garota e a luta pelo resgate da juventude de senhores desconhecidos.

A possibilidade de construir uma bomba relógio usando a persona de Lucy é largada para Leigh levar sua história a caminhos insossos. A força é diluída na repetição de cenas e a perda da representação de seu estilo de vida e de seu porto seguro. Tanto Lucy quanto Leigh almejam explicitamente o controle, mas dividem o mesmo resultado: são vítimas da pretensão.


★★
Beleza Adormecida (Sleeping Beauty, Austrália, 2011) de Julia Leigh

9 comentários:

  1. Pior filme dos últimos tempos. Esperava tanto. E olha que adoro filmes parados, mas nem todo mundo é Bergman, né.

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  2. Realmente o filme pecou. Fiquei muito confusa com o final… E aquele grito? Hun?!
    Quando acabou o filme, fiquei esperando por uma explicação. Ele tinha uma atriz muito boa e não aproveitou disso.
    Acho que foi por esse motivo que procurei pelas críticas. O filme realmente tinha muitas razões para se tornar bom.
    A personagem se mostrava muitas vezes desprovida de emoção. As cenas as vezes caiam na monotonia. Tentei achar um lado poético no meio disso mas não consegui.
    A nudez não me deixou constragida, como na maioria das vezes acontece nesses filmes. E outra, a luta de Lucy por se manter era muito mostrada. Mas as vezes eu ficava me perguntando o por quê disso tudo. Foi realmente confuso. Me interessei pela trama por causa da atriz e por achar ser uma releitura moderna de Bela Adormecida. O que foi, porém confusa.

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  3. Alguém pode me dizer extamente o que esse filme quis mostrar?
    Sinceramente, nao entendi muita coisa! Talvez eu não tenha a sensibilidade de muita gente que entende na hora esses tipos de fime.
    Quando terminou, fiquei perguntando um tanto de coisas do tipo:
    Por que ela queima o dinheiro que ganhou se ela precisava do dinheiro pra se sustentar?
    O que houve com aquele amigo dela que era dependente quimico?
    Há um momento em que o velho fala uma cena monotoníssima contando uma história nada a ver que eu não entendi naaada! Por que fica aquela cena dez minutos só com o velho contando a história? Até a mulher que comanda o programa fez uma cara de quem nem estava prestando atenção e que estava ali só por estar!
    Como saber se os clientes quebram as regras da casa se ninguém os vê?
    Por que ela grita desesperada depois de ter acordado? Por que ela demora pra acordar daquele jeito?
    Por que o velho também tomou o mesmo que a Lucy toma pra dormir?
    O que há com esse velho no final? Não mostra se ele só está sob o efeito do tal chá ou se ele morre..
    Não mostra a reação da Lucy ao ver as imagens da câmera
    Eu fiquei tipo assim: Aaahnn???
    Talvez todas essas respostas estejam escondidas e só quem tem sensibilidade ou quem entende desses filmes possa responde-las. Ou então não há respostas pra isso e o filme é sem noção mesmo?

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  4. Nossa achei a ultima frase da critica: Tanto Lucy quanto Leigh almejam explicitamente o controle, mas dividem o mesmo resultado: são vítimas da pretensão" um exagero. Isso na verdade nao se passa no filme. Nem mesmo era intencao de Leigh. Pode-se argumentar que o filme não consegue manter sua força ao crer demais em uma articulação que se esgota no durante, ou seja, não é capaz de construir uma aura suficientemente misteriosa em torno da personagem, e o que seria angústia e dúvida passa a ser monotonia dramática e também visual. Em sua atitude essencialmente moderna, pois, estaria também seu perigo. Seria Lucy construída para dizer respeito a um tempo cuja intangibilidade escapa à dramaturgia e também a toda metafísica, onde o corpo vira de fato um algo destituído de uma individualidade perceptível? Ao contrário de uma Laura Palmer ou uma Rebecca, intensas presenças em ausência, Lucy é a ausência em presença.

    De toda maneira, o desfecho de Sleeping Beauty abre possibilidades curiosas, sendo certamente o plano mais interessante e enigmático de todo o filme, que continua conosco ao fim da projeção e que talvez abra uma fresta de ar em toda essa intangibilidade. Leigh, afinal, constrói um filme de fato intrigante, o que, se não é muita coisa, pouca também não é.
    FabriFibra

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  5. Eu não entendi diversas coisas mesmo, muito raramente fico tão "hãm?" o filme todo
    Não entendi o porque dos exames que ela faz....
    Não entendi poq o birdman morre oq ele tinha?
    muita gente diz que ela grita por aquele ser o mundo real... mas em momento nenhum eu vi ela fantasiando ou imaginando algo melhor, não entendi pq o cara faz ela cair na primeira vez que ela trabalha servindo
    Oque eram aquelas sementinhas vermelhas que ela joga no carro?

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  6. No filme, os clientes tem a opção, diante da realidade de suas vidas, de encontrar certa beleza, entrando num mundo quase que paralelo, onde não há julgamento, alguns nos últimos momentos de vida.

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  7. O grito eu acho que saquei. Vejam, ela era uma vadia, mas quando o lance era com o amigo dela (o drogadão esquisitão) tinha uma amizade sincera. AMOR??? Quando ela tira a camisa e deita com ele nos seus últimos momentos ela faz achando que é algo que ela só faz por amor, algo especial. O grito acho que foi pq ela percebeu que estava fazendo a mesma coisa com qualquer zé ruela veio tarado o que fez como gesto de amor. Ou ela estava com dor de barriga por causa dos efeitos do chá e o filme é uma droga sem nenhum nexo, sei lá.

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