Longe do exercício que reunia experimentalismos à narrativa composta de aspectos melodramáticos em O Mensageiro, Oren Moverman compôs Um Tira Acima da Lei sem excelência. Em vantagem, repete-se a parceria com Woody Harrelson, ator que dilui qualquer problema rítmico com atuações arrasadoras e desta vez a história se repete.
Moverman é preguiçoso. Transforma uma sugestão em certeza e satura sequências com movimentos de câmera repetitivos que espelham a mesmice do tema – a corrupção policial e a relação com o racismo nas ruas da Califórnia.
David Douglas Brown (Harrelson) está numa montanha russa emocional onde se sabotar parece a única saída: família, amigos, amantes. Todos se tornam um vulto negro, um pesadelo constante. Entre um cigarro e outro, a pose de bad cop vai de encontro com a lei, com normas da sociedade e as responsabilidades de um pai de família. O conflito é entregue no primeiro encontro de Brown e sua família nada convencional.
Moverman busca incessantemente por cenas marcantes, principalmente nos encontros de Brown e suas filhas e com um general jogado às traças vivido pelo sempre excelente Ben Foster.
Latinos e negros são o objeto de estudo sem o desgrude da cartilha Hollywoodiana – enquanto Brown aparentemente é encurralado pela lei, destino, moral (como você achar melhor adjetivar), a câmera nunca deixou de o captar em contra-plongée. Ou seja, Um Tira Acima da Lei assinala o assunto, mas nunca largou as amarras do conforto e muito menos se virar contra quem se rebela.
★★
Um Tira Acima da Lei (Rampart, EUA, 2011) de Oren Moverman
Gosto do filme e não tive grandes problemas com a direção de Oren Moverman (você não é o primeiro a apontar problemas na forma como ele cria cenas). No entanto, tenho que concordar que o filme perde alguns pontos na decisão em deixar ainda mais explícita a trajetória errante do protagonista, chegando ao ponto de amenizar suas atitudes para termos maior empatia por um ser desprezível, mas com algum traço humano.
ResponderExcluir