AS AVENTURAS DE PI

Com os ingredientes necessários para narrar uma epopeia, Ang Lee (Brokeback Mountain, Desejo e Perigo) faz de As Aventuras de Pi antes de qualquer produto de identificação e/ou edificação, um deleite aos olhos. Seu modus operandi é incomum, pois se apresenta da forma ordinária - narrador em primeira pessoa justificada pela posição do herói e depois apenas segue a necessidade de sobrevivência do protagonista para exigir de Piscine (Suraj Sharma), um tour de force diante da imensidão do mar.

Como previsto, o roteiro assinado por David Magee baseado no livro de Yann Martel aborda a conduta e a amizade pautada em uma situação extrema, mas o que realmente prende o espectador à poltrona é como Lee coloca paraíso e inferno na mesma linha – ou sequência, como preferir.

A beleza do filme está unida à iminência do fim. Racionar alimentos, lutar contra um tigre de bengala faminto e o enjoo do mar são algumas das dificuldades que Pi enfrentará para, no fim, como qualquer conto moralista, questionar valores. Nada novo, mas para isso, um realizador como Ang Lee sabe por onde pisa: as manipulações são perceptíveis, porém pertinentes.

A percepção de sonho é o grande alicerce do filme, facilitando o desenvolvimento narrativo. Nela, a multiplicidade reina e podemos em questão de segundos amar ou odiar Pi e Richard Parker, o tigre de bengala, como  um jogo de cena totalmente apoiado na ilusão do cinema. É justamente neste ponto que As Aventuras de Pi cresce e inibe o lado ordinário de um conto destinado à mesmice.

As Aventuras de Pi (Life of Pi, EUA, 2012) de Ang Lee

5 comentários:

  1. Sinceramente fiquei muito surpreso com o filme, e a história também. O apelo sobre uma melhor compreensão da natureza e respeito por nossa fauna e flora, são as principais lições que tiramos deste filme

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  2. Não curti. Acho que a fotografia está tão bonita que tira muito do filme. Parece irreal, o que de uma certa maneira faz sentido pra história, mas ao mesmo tempo tira muito da história.
    Muita besteira só pro 3D tambem.
    Não chega a ser ruim, mas tambem não chega a ser bom.

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  3. Estou morrendo de vontade de vê-lo. O Ang Lee sempre vale a pena.

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