Filme que marca o retorno de Robert Zemeckis (Forrest Gump, De Volta Para o Futuro) ao cinema live-action, O Voo faz parte de um segmento orientado por preocupações mercantilistas, atrelado ao aspecto melodramático, sem diálogos diretos e representações estéticas ou naturais – apesar de seu tema ser recorrente o suficiente para identificações.
Verborrágico, O Voo se concentra na montanha-russa que é a vida de Whip, piloto de avião alcoólatra envolvido em polêmica após acidente de avião, no qual boa parte da tripulação sai com vida. As falhas – sim, uma triste metáfora - de Whip, são amplificadas pela entrega de Denzel Washington. Em paralelo, a vida de Nicole (Kelly Reilly), junkie em constante busca de redenção é claro contraponto à filosofia destrutiva de Whip.
A investigação técnica que foca a conduta do piloto serve para Zemeckis como eixo dramático; nela, está a manipulação necessária para o filme se justificar. Whip vive seu apocalipse particular e a mensagem, cristã, transparece possibilidades para o recomeço. O Voo aos poucos traça luta contra a obviedade e o mau gosto tradicional de um vídeo de autoajuda.
Com estes ingredientes, Zemeckis busca, antes de qualquer coisa, sua própria convicção. A mensagem edificante, com intuito contagiante, parece no lugar errado entre tantos clichês. Afinal, o que vemos é uma constante, até o seu limite, maior que a moral, inclusive.
★★
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