Licorice Pizza (Paul Thomas Anderson, 2021)

Dois caminhos que pegam o contrapé do espectador que espera grandes sequências em Licorice Pizza: o primeiro é a decisão de PTA em circular o andamento do filme, dando início, meio e fim aos seus núcleos e colocar seus protagonistas num fluxo semelhante a uma sitcom. Já o segundo é o espelhamento da relação dos protagonistas à vida matrimonial sempre à beira da crise. Porém, estas molduras de sitcom que PTA insere ao filme são completamente mutantes e a partir disso a diegese é completamente alterada pela noção de um diálogo frontal com o estúdio, com o set de filmagem e com a idealização de um mundo fantástico. Vai da sequência do encontro num formato slacker muito interessante que desafoga em um fundo infinito branco ou na simples representação de ser quem você não é - um empresário, a namorada de um político, uma sedutora vendedora de colchões - ou mais abertamente um sidekick sempre presente para aventuras envolvendo motos e caminhões. E na medida que o filme afina esta ideia às margens impostas como um comentário geral ao apogeu hollywoodiano - acho que este filme daria uma bela sessão com Era Uma Vez em Hollywood do Tarantino - mais claros estes limites ficam como um filme livre de seus panos de fundo, seja a era em que o filme se passa, o gênero, o estudo dos personagens ou até mesmo os fins para cada personagem. Com isso é evidente que Licorice Pizza observa a imperfeição dos dias, dos sentimentos e das ideias enquanto há forças maiores a comandar nossos caminhos, da política ao cinema, do capital à família e do amor.

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