FESTIVAL DO RIO - FILMES CONFIRMADOS

Entre notas de jornais, confirmações via site do evento e rede sociais, fiz um apanhado dos filmes confirmados no Festival do Rio 2013. Eis a lista:

FILME DE ABERTURA

AMAZÔNIA - PLANETA VERDE, THIERRY RAGOBERT

FOCO ALEMANHA

OURO,THOMAS ARSLAN 
SOURCES OF LIFE, OSKAR ROEHLER
DR. MABUSE, FRITZ LANG
SAÍDA MARRAKESH, CAROLINE LINK
OS MORTOS E OS VIVOS, BARBARA ALBERT 
FREAK ORLANDO ULRIKE OTTINGER
SOB A NEVE, ULRIKE OTTINGER 

PREMIÈRE BRASIL

Mostra competitiva ficção:

"De menor", de Caru Alves de Souza
"Entre nós", de Paulo Morelli
"Minutos atrás", de Caio Sóh
"Estrada 47 - A montanha", de Vicente Ferraz
"O homem das multidões", de Marcelo Gomes e Cao Guimarães 

"Jogo das decapitações", de Sérgio Bianchi
"O lobo atrás da porta", de Fernando Coimbra
"Os amigos", de Lina Chamie
"Periscópio", de Kiko Goifman
"Quase samba", de Ricardo Targino
"Tatuagem", de Hilton Lacerda

Mostra competitiva documentário:

"A farra do circo", de Roberto Berliner e Pedro Bronz
"A gente", de Aly Muritiba
"Cativas, presas pelo coração", de Joana Nin
"Cidade de Deus - 10 anos depois", de Cavi Borges e Luciano Vidigal
"Conversa com JH", de Ernesto Rodrigues
"Damas do samba", de Susanna Lira
"Fla x Flu", de Renato Terra
"Histórias de Arcanjo - Um documentário sobre Tim Lopes", de Guilherme Azevedo.

Mostra Novos Rumos:

"Mar Negro", de Rodrigo Aragão
"O exército do caos", de Frederico Machado
"O menino e o mundo", de Alê Abreu
"O Rio nos pertence", de Ricardo Pretti
"O uivo da gaita", de Bruno Safadi
"Rio cigano", de Julia Zakia.

Mostra Novos Rumos documentário:

"Carioca era um rio", de Simplício Neto
"Tão longe é aqui", de Eliza Capai.

Hors concours

"Educação sentimental", de Julio Bressane
"Gata velha ainda mia", de Rafael Primot
"Mato sem cachorro", de Pedro Amorim

Hors concours documentário:

"Mataram meu irmão", de Cristiano Burlan
"Cauby - Começaria tudo outra vez", de Nelson Hoineff
"Feio, eu?", de Helena Ignez
"Serra Pelada: A lenda da montanha de ouro", de Victor Lopes "Vinte - RioFilme, 20 anos de cinema brasileiro", de Carlos Diegues

Mostra Retratos:

"Sinais de cinza, a peleja de Olney contra o Dragão da Maldade", de Henrique Dantas
"Mazzaropi", de Celso Sabadin
"Em busca de Iara", de Flávio Frederico
"Mário Lago", de Marco Abujamra e Markão Oliveira
"Ozualdo Candeias e o cinema", de Eugenio Puppo


OUTROS TÍTULOS 

O PENSIONISTA, ALFRED HITCHCOCK
MULHER PÚBLICA, ALFRED HITCHCOCK  
O MORDOMO DA CASA BRANCA, LEE DANIELS
HELI, AMAT ESCALANTE
NEBRASKA, ALEXANDER PAYNE
I AM DIVINE, JEFFREY SCHWARTZ
GARE DU NORD, CLAIRE SIMONT
TABOOR, VAHID KAFILIFAR
BLUE JASMINE, WOODY ALLEN
TERRA PROMETIDA, GUS VAN SANT
OS BASTARDOS, CLAIRE DENIS
LE FILLE DE NULLE PART, JEAN-CLAUDE BRISSEAU
BEHIND THE CANDELABRA, STEVEN SODERBERGH
ONLY GOD FORGIVES, NICOLAS WINDING REFN
JEUNE & JOLIE, FRANÇOIS OZON
PUSSY RIOT: A PRECE PUNK, MIKE LERNER e MAXIM POZDOROVKIN
O ESPÍRITO DE 45, KEN LOACH
DIANA, OLIVER HIRSCHBIEGEL
O QUINTO PODER, BILL CONDON
GRAVIDADE, ALFONSO CUÁRON
A GRANDE BELEZA, PAOLO SORRENTINO
COMO NÃO PERDER ESSA MULHER, JOSEPH GORDON-LEVITT
UM CASTELO NA ITÁLIA, VALERIA BRUNI TEDESCHI
FADING GIGOLO, JOHN TURTURO 

ALGUNAS CHICAS, SANTIAGO PALAVECINO
HOME FROM HOME – CHRONICLE OF A VISION, EDGAR REITZ
JOE, DAVID GORDON GREEN

MEL, VALERIA GOLINO
AT BERKELEY, FREDERICK WISEMAN
KILL YOUR DARLINGS, JOHN KROKIDAS
LA VIDA DESPUÉS, DAVID PABLOS
THE UNKNOWN KNOWN, ERROL MORRIS

THE ZERO THEOREM, TERRY GILLIAM
TIL MADNESS DO US PART, WANG BING 

WALESA: MAN OF HOPE, ANDRZEJ WAJDA
WE ARE THE BEST!, LUKAS MOODYSSON
WHY DON’T YOU PLAY IN HELL?, SION SONO


RETROSPECTIVA PAUL SCHRADER

Vivendo na corda bamba (1978)
O gigolô americano (1980)
A marca da pantera (1982)
Mishima: Uma vida em quatro capítulos (1985)
O sequestro de Patty Hearst  (1988)
Estranha sedução (1990)
Ilusões satânicas (1994)
Temporada de caça (1997)
Auto focus (2002)
Dominion: Prequel to the Exorcist (2005)
O acompanhante(2007)
The Canyons (2013)

RETROSPECTIVA ALAIN GUIRAUDIE

Um estranho no lago (2013)
O rei da fuga (2009)
Voici venu le temps (2005)
Pas de repos pour les braves (2003)
Ce vieux rêve qui bouge (2001)
Du soleil pour les gueux (2001)




SPRING BREAKERS: GAROTAS PERIGOSAS


Do subúrbio americano, onde a grama do vizinho já não é tão verde após inúmeras análises sobre o comportamento da classe alta americana, nasce o ideal crítico de Spring Breakers: Garotas Perigosas. Harmony Korine (que outrora dirigiu os esquizofrênicos Trash Humpers e Gummo) traz a percepção de um exorcismo às avessas da juventude americana.

Em um tempo onde tudo já foi provado e qualquer tabu foi destituído, cabe aos jovens banalizar os extremos; violência, sexo e drogas deixam de habitar o consciente comportamental para fazer parte da ostentação aguda dos novos tempos, junto ao egocentrismo e a sensação de domínio.

Portanto, Korine, mesmo com o voyeurismo que cabe ao filme repleto de meninas com poucas roupas e uso de drogas embalados pelas festas desregradas das férias de primavera (Spring Break) é ciente que o longa dita o caminho inverso. Do tédio à rotina estudantil à perdição previsível, Spring Breakers questiona a maturidade dos jovens criados sob julgo da religiosidade e o efeito inverso que a forma de ensino nos EUA produz aos adolescentes.

Para ilustrar este ideal da perdição, Harmony Korine faz das luzes de neon e o visual paradisíaco da Flórida, o peso que o paradigma da "boa vida" traz. A opressão vem em forma de dogmas, exterminados pela figura de Alien (James Franco), versão folclórica do maligno - o extremo, que de certa forma, as garotas procuram desde o início de suas férias. O encontro com uma forma abstrata de liberdade. 

★★★
Spring Breakers - Garotas Perigosas (Spring Breakers, EUA, 2012) de Harmony Korine


FRANCES HA




Em Frances Ha há espaço suficiente para a noção de diálogo com a Nouvelle Vague ou com movimento No Wave. Também há abertura para comparações ao cinema de John Cassavetes e Woody Allen, mas a rigor, a dialética do filme de Noah Baumbach serve de termômetro para o assombroso tempo que representa o fim da juventude e a vida adulta propriamente dita, hoje tão borrada e abstrata. 


Pelas ruas de Nova Iorque, Frances vaga atrás de sucesso, aceitação e bem estar de forma silenciosa. Baumbach segue a fórmula do novo cinema independente americano, onde a verborragia é o suporte para a ilustração de conflitos, diluindo o teor melodramático da trama. Achar um lugar para morar, aceitar as idas e vindas de amigos e lidar com as decepções profissionais, que nada mais fazem que exibir a realidade ante aos sonhos da juventude. Eis a vida de Frances. A vida de uma mulher de coragem, por outro extremo. Ela está sozinha em um lugar que engole muitas pessoas. Abaixa a cabeça muitas vezes por necessidade, mas não se inibe com um único propósito: afirmação. E nesta bem humorada busca, os sonhos sobrevivem graças ao o raciocínio que  a reputação é o caminho mais fácil. 


Refugia-se em Sacramento ou em Paris sabendo que se trata de um erro. Frances é construída em ambivalência, transformada numa das representações mais alegóricas e críveis dos últimos anos. Por exercer com excelência a fuga de seu caminho com a mesma sede que procura o êxito em seus feitios, Frances é tão contraditória e (in)certa de suas paixões e de seu futuro. 


Mas há um parêntese entre todo este traçado feito por Noah Baumbach. Frances Ha, antes mesmo de ser um retratado agudo deste desespero raramente exposto, é um filme terno, divertido, de ótica contrária ao que sua protagonista vive. E este é o grande acerto do filme.

★★★
 ★★★★
Frances Ha (Idem, EUA, 2012) de Noah Baumbach

BLING RING: A GANGUE DE HOLLYWOOD



Bling Ring: A Gangue de Hollywood parte do conceito que engloba reality shows, sites de relacionamento, revistas de fofoca e reportagens de TV. Meios notórios para sinalizar fins datados como entretenimento e retratar um deslocamento social crescente. Da fragilidade servida pelo topo da pirâmide, Sofia Coppola trata de limites e consciência utilizando raros momentos de total exposição do assunto.


Tão distante quanto Um Lugar Qualquer, Bling Ring traz esta percepção em planos-sequência como lamento aos personagens e contraponto de toda rapidez que reflete a contemporaneidade. A narrativa pouco oferece além da rotina de jovens moradores de um condado de Los Angeles dispostos a jogar com a liberdade pela adrenalina e roupas e acessórios de marca. Com distanciamento entre câmera e elenco em momentos chave, Coppola segue o caminho oposto de discussões acerca da criação e educação em tempos que velam diferenças e particularidades.


Dos clichês relacionados à aceitação, status e alienação, a “gangue”, repleta de ações primárias quanto delinquentes, não transparece qualquer intuito maior em relação às invasões e assaltos de casas de celebridades. Fora a exposição como forma de egocentrismo, o que delimita o campo de discussão é o desafio aos limites impostos pelo próprio grupo. São simples gestos que transparecem a banalização de diversos valores e que pautam elementos singelos como o que entretém o grupo, o ambiente em que vivem, a relação com os pais, etc.


E a propriedade que Sofia Coppola toma este discurso em constante aproximação e distanciamento dos personagens dá a Bling Ring tom pessimista. Como expressão coesa sobre o inconformismo, não como alerta e sim como lamento, uma visão irônica como simples reflexo à invencibilidade adotada pelos jovens. Assim, o filme justifica-se como adaptação de um artigo de revista de variedades sob tom sensacionalista de crianças que sonham com o topo, sem a noção que nasceram nele.  


 ★★★
Bling Ring: A Gangue de Hollywood (The Bling Ring, EUA, 2013) de Sofia Coppola

SEM DOR, SEM GANHO




Sem Dor, Sem Ganho parte do princípio de alertar suas intenções e reforçar seus contornos como mensagem. A dura crítica ao pensamento superficial da vitória engendrada à filosofia capitalista gera filhos alimentados por palestras motivacionais, biografias e filmes. E a partir destas armas ilusórias Michael Bay usa a ironia através dos códigos de TV como suporte principal. 


Por outro lado, este é um filme sobre o cinema e sua forma híbrida e mutante. Pois a essência está na linguagem e como o restante funcionará a favor dela. A linguagem que constantemente flerta com diversos dispositivos como a TV, games e Internet é o embrião para Bay dialogar com a nostalgia – em especial os anos 90 - e a partir de excessos, nortear a narrativa. Porém, não se trata de um olhar próprio em relação ao formato – e sim o adorno tradicional, transformando-o em um simples exemplar do cinema de ação.


O trio de fisiculturistas que entra em uma emboscada atrás do sucesso financeiro sem qualquer respeito ao próximo – o EUA idolatrado é o mesmo que mata -, é a representação da cultura de consumo e seus contrastes. Sem Dor, Sem Ganho serve como balanço da melancolia transpassada através da beleza hipnótica referente a Showgirls de Paul Verhoeven ou Fogo Contra Fogo e Miami Vice, ambos de Michael Mann. O filme também é funcional como injeção na discussão acerca da prostituição da imagem.


Pois ante a comédia de erros que constitui Sem Dor, Sem Ganho, está a silenciosa obrigatoriedade de ilustrar ou representar cada meandro de uma história surreal. Em termos cinematográficos, este é um filme que pouco soma, porém há em cada quadro coragem para subverter regras e diluir a importância de mecanismos comuns, como a fuga da superficialidade que o próprio filme implicitamente carrega. 


★★★

Sem Dor, Sem Ganho (Pain & Gain, EUA, 2013) de Michael Bay

Melhores Filmes de 2023

Mangosteen de Tulapop Saenjaroen Mais um longo post com os melhores filmes do ano. São os melhores filmes lançados entre 2021-23 com mais ...