O primeiro pensamento que guia Círculo de Fogo é que estamos diante de um tributo; portanto, a essência de filmes e seriados onde monstros Kaiju e robôs gigantes se enfrentam pelo domínio do mundo é presente, mas sem o bom senso em seu uso. Com um conjunto de regras e tradições a seguir, Guillermo del Toro aproveita este campo para fazer uma releitura moderna. E pouco faz além de permear fragmentos do clássico plot entre novos perfis de personagens e ode à estética.
Círculo de Fogo é um filme de potenciais adjetivos elogiosos, ao menos nos primeiros minutos de filme – onde sua apresentação ensaia uma epopeia repleta dos nuances que empolgam o espectador e do terror iminente que sustenta o clima de suspense. E Círculo de Fogo peca quando apetece aos novos padrões.
Ambientada em Hong Kong, a trama é leve e angustiante. A partir desta ambivalência nasce uma exigência inocente, pois a magnitude dos monstros é o grande atrativo do filme. É a destruição que enche os olhos, neste caso. E Círculo de Fogoé repleto de “planos médios”, onde pouco se vê, pois a linguagem de vídeo domina as cenas de ação – com exceção da melhor sequência do filme, onde o terror e um trauma de infância são usados na mesma medida.
Entre tantos cortes rápidos, luzes de neon e escuridão, cabe o reforço da trama – fragilizada desde o primeiro ato, fazer jus ao clímax do filme. Nele, Del Toro dosa o tom lisérgico do visual com o drama comum destas aventuras e a sugestão de diálogo com a ficção cientifica. O tom anárquico, talvez o que divertira ao máximo o público anos atrás, foi substituído pelo atrativo maior dos novos tempos: a chamada “experiência”. É o pensamento do espetáculo ante à narrativa, pois de certa forma exige que este seja externalizado com aparatos como o óculos 3D ou a tela gigantesca do IMAX. Intrínseco é sua funcionalidade independente de dispositivos.
Círculo de Fogo (Pacific Rim, EUA, 2013) de Guillermo del Toro
★★
Thank you!
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