Em Frances Ha há espaço suficiente para a noção de diálogo com a Nouvelle Vague ou com movimento No Wave. Também há abertura para comparações ao cinema de John Cassavetes e Woody Allen, mas a rigor, a dialética do filme de Noah Baumbach serve de termômetro para o assombroso tempo que representa o fim da juventude e a vida adulta propriamente dita, hoje tão borrada e abstrata.
Pelas ruas de Nova Iorque, Frances vaga atrás de sucesso, aceitação e bem estar de forma silenciosa. Baumbach segue a fórmula do novo cinema independente americano, onde a verborragia é o suporte para a ilustração de conflitos, diluindo o teor melodramático da trama. Achar um lugar para morar, aceitar as idas e vindas de amigos e lidar com as decepções profissionais, que nada mais fazem que exibir a realidade ante aos sonhos da juventude. Eis a vida de Frances. A vida de uma mulher de coragem, por outro extremo. Ela está sozinha em um lugar que engole muitas pessoas. Abaixa a cabeça muitas vezes por necessidade, mas não se inibe com um único propósito: afirmação. E nesta bem humorada busca, os sonhos sobrevivem graças ao o raciocínio que a reputação é o caminho mais fácil.
Refugia-se em Sacramento ou em Paris sabendo que se trata de um erro. Frances é construída em ambivalência, transformada numa das representações mais alegóricas e críveis dos últimos anos. Por exercer com excelência a fuga de seu caminho com a mesma sede que procura o êxito em seus feitios, Frances é tão contraditória e (in)certa de suas paixões e de seu futuro.
Mas há um parêntese entre todo este traçado feito por Noah Baumbach. Frances Ha, antes mesmo de ser um retratado agudo deste desespero raramente exposto, é um filme terno, divertido, de ótica contrária ao que sua protagonista vive. E este é o grande acerto do filme.
Frances Ha (Idem, EUA, 2012) de Noah Baumbach
★★★
★★★★Frances Ha (Idem, EUA, 2012) de Noah Baumbach
Que ansiedade pra ver esse filme (pretendo conferir nessa semana).
ResponderExcluirSou grande fã de Noah e tenho a leve impressão que Frances Ha irá cair nas minhas graças.
Abraço!
Adecio, obrigado pela visita. Volte sempre.
ExcluirFrances é o melhor filme de Noah, na minha humilde opinião. A contribuição de Greta fez muito bem ao cara.