Há muito tempo François Ozon rodeou gêneros e regras pré-estabelecidas em sua filmografia. Seja no seu trabalho mais conhecido, Swimming Pool ou na “pequena tragédia” que foi seu último filme, Potiche – Esposa Troféu. Como resposta à altura, Ozon adaptou o livro de Juan Mayorga e nada mais faz que uma ode às narrativas.
Nos primeiros minutos de filme, o professor Germain (Fabrice Luchini) lê para sua esposa a redação escrita por seu aluno, Claude, contando como foi o fim de semana na casa de seu amigo, Rapha. A partir deste fio, Ozon concebe diálogo com o público através do jogo de identificação no que se diz respeito aos modelos narrativos. Da auto-referência, amplificando os dias de Sitcom – Nossa Linda Família à consideração do estudo básico do cinema em relação ao teatro e espaço-plateia, desenhada com maestria por Alfred Hitchcock em Janela Indiscreta e o jogo de gêneros, indo do thriller psicológico ao declarado pastiche, Dentro de Casa é o esplendor criativo que Ozon almejava.
Acompanhar o desenvolvimento do desejo de Claude em relação à família de Rapha e de Germain ao seu vouyeurismo sem limites torna-se prazeroso pelos nuances construídos pelo diretor, ainda que o método se repita – principalmente em seu epílogo. Idealizado por boa parte em narração em off ou leitura direta do texto, como o exercício de pré-produção envolvendo o elenco, Dentro da Casa oferece subplot e reviravoltas como um bom tributo deve ser, mas sua força está realmente na intenção de jogar com as possibilidades infinitas de um bom roteiro.
★★★★
Dentro de Casa (Dans La Maison, França, 2012) de François Ozon