Este é um filme que coloca Linklater mais próximo de Woody Allen do que um escultor do tempo em sua extensa filmografia e muito interessante notar que há um interesse em quebrar a própria chave de autoria, de execrar este olhar inclinado às assinaturas e nas réplicas construir um filme que se trata justamente do falso, do absurdo, do fantasioso. O espetáculo da mentira é triplo, dos protagonistas, coadjuvantes e do próprio Linklater que falseia a linguagem através de um "filme americano" de reconstruções de planos e movimentos de câmera ou, falando da trama em si, da composição de um projeto perfeito que sempre será atravessado pela ideia de fac-símile. Se "Hitman" é, antes de tudo, um filme-réplica, Linklater por vezes emula mesmo Allen, dos principais nomes que pouco mudou de seus formalismos artesanais - curiosamente quando fez filmes de suspense - e nos leva para um lugar muito prazeroso que é o de revisitar, redescobrir ou apaixonar-nos novamente pelo cinema.
HITMAN (Richard Linklater, 2023)
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