W.



O que fazer para fugir da obviedade de um roteiro que conta uma história, ainda contemporânea? Oliver Stone coloca o legado da família Bush e os desastrosos anos de George Bush Júnior no poder sem muitos rodeios em duas linhas narrativas e com uma opção dramatúrgica excelente em seu novo filme, W.

Na seqüência inicial do longa, já vemos para que Stone e o excelente ator Josh Brolin vieram. Vemos um confuso presidente, sem poder de iniciativa, domado por seus assessores, sem saber qual direção tomar em situação que poderia mudar o caminho da história de seu país. Mas Oliver Stone não dá o chicote para o público, ele lembra quem o colocou sentado ali na Casa Branca.

Júnior, como é conhecido em sua família, foi o típico redneck texano: mulherengo, bebia demais, não queria saber de nada e gostava de assistir jogos de baseball enquanto se deliciava com uma cerveja nas tardes de domingo. Talvez com a pressão patriarcal ou com o peso de uma vida vazia, George W. Bush foi ousado a seguir os caminhos do pai, que também foi marcado por declarar guerra e não se conformar por ser uma indecisão infeliz. O confronto familiar era uma pedra no sapato de Júnior, algo que o acompanhou durante até o fim de sua presidência.

Stone não faz uma dinâmica com o espectador para que ele entenda as piadas e sátiras ao ex-presidente, como Michael Moore faria, mas conta como o caos e o terror foram se espalhando pelos Estados Unidos a partir da Casa Branca de forma que só possamos esperar o pior vindo de um presidente tão despreparado e sem iniciativa, nada estimado e que se segurava em sua religião para justificar tamanhas burrices, algo que veio do passado, durante suas campanhas e do seu governo no Texas. É lógico que por se tratar de uma aposta linear e sem aproximação no que se diz a dramatização de seu personagem ao todo – exceto por uma ou outra cena, onde Bush se encontra no campo de Baseball do time em que ele é dono e pelas suas caminhadas no campo – deixa que a empatia seja bastante oscilante.

Já Josh Brolin dá um show a parte. Aproxima-se demais do presidente principalmente em situações conhecidas pelo grande público, como as entrevistas coletivas, de onde saíam, as famosas – e tão usadas por David Letterman para arrancar risadas de seus espectadores – pérolas, onde Stone consegue captar com maestria o nervosismo e uma equipe despreparada, deixando um país em desespero e também após os ataques de onze de setembro, onde as saídas, já conhecidas por todos, mostram ainda desconhecidas por muitos, mas que não fazem que o presidente consiga mudar sua imagem e aumentam as complexidades do personagem, mas o deboche é inevitável.

Stone é um fanático pela política e não é a toa que já fez alguns filmes sobre presidentes como Nixon e JFK, mas o grande problema deste filme não é o filme em si, mas sim o grande personagem dela. É sim um filme sobre um homem que simplesmente não sabia o que estava fazendo. Decisões tomadas pelo desespero assinam embaixo a resposta semelhante vinda do público. Stone tem a missão cumprida, ao contrário de seu personagem, digo ao contrário deste “presidente”.

★★★★
W. (Idem, EUA 2008) de Oliver Stone

2 comentários:

  1. Adoro e QUERO ver. Óbvio né? rs

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  2. Nossa,uma amiga minha acabou de falar comigo sobre esse filme.E como vc nunca me decepciona quando o assunto é cinema,já tinha uma crítica pronta aqui sobre ele.Bjo,Pedro.

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