A constituição familiar dentro de uma cadeia. Pablo Trapero consegue carregar de detalhes em pequenos planos e também em diálogos soltos para futuros ganchos em Leonera, filme que tem sua força concentrada nas reviravoltas do roteiro em um mundo exclusivamente feminino.
Quando Julia é condenada por um crime de precedentes duvidosos e vai parar na cadeia de uma maneira apática. Lá, ela desarma os dias a espera de seu filho, conseqüência de uma relação também duvidosa. O que pode ser o retrato de uma vida sem futuro tem sua chama acesa quando o pequeno Tomás vem ao mundo. A partir daí o que se vê é o amadurecimento de uma mulher, jorrando instinto e a necessidade materna de criar seu filho, com a atriz Martina Gusman brilhando, num filme que é apenas seu.
Mas Leonera parece ser uma história de lacunas. Julia tem grandes buracos em seu peito quando se relaciona com a mãe e com Ramiro, amante de seu ex-namorado, motivo para sua ida a cadeia. Estes buracos que ela reservou para ser preenchido pelo pequeno Tomás e mais ninguém. Um mundo que ela planejou apenas para os dois. Alimenta-se do vazio para se colocar no passado e de um possível trauma retratado no cotidiano do sistema carcerário.
Trapero acerta em manter-se longe de uma óbvia vulgaridade na necessidade da sobrevivência e colocando o sistema carcerário apenas como pano de fundo para problemas e relações mesmo que seja em extremos e saídas que podem custar caro para a narrativa, fazendo que o filme perca sua força em certos momentos, ela ainda soa coerente.
★★★★
Leonera (Idem, Argentina/Coréia do Sul/Brasil, 2008) de Pablo Trapero
Este filme é um belo tributo à figura da mãe. E foca a situação daquelas que geram um filho na cadeia de uma maneira muito bonita e respeitosa. Adorei esse longa argentino.
ResponderExcluirEu adorei esse filme.Martina Gusman carrega mesmo todo o filme nas costas. O Trapero tem mais pulso pro drama do que para comédia (não gostei de Família Rodante).
ResponderExcluirTenho curiosidade em relação a esse filme especialmente pela atuação da Martina Gusman, bastante elogiada.
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