Totalitarismo, remorso e a busca por redenção guiam a narrativa de Olhos Azuis. Por mais contemporâneos (e de certa forma batidos) que tais assuntos possam ser, existe algo a mais no filme de José Joffily. Não só a coragem para peitar uma força chamada Estados Unidos da América ao mostrá-los com autoritarismo exacerbado na relação com estrangeiros, em especial, os da América Latina. Não é preciso sair da sala de departamento de imigração, onde os latinos buscam uma carimbada em seus passaportes e que autorizem a entrada na “terra das oportunidades”. De personalidades distintas e muito bem construídas, os policiais aqui têm o poder absoluto sobre o futuro de cada um que está na sala de espera.
Intercalando com esta sistemática que oferece aos policiais diversão durante o horário de trabalho, vemos a busca do policial Marshall em terras brasileiras pela filha de um homem que estava na sala de imigração. Aos poucos, Joffily vai construindo um quadro sócio-político brutal que envolve diversos aspectos. Por outro lado, o diretor mostra a entrega de um homem às suas fraquezas e sua última chance de redenção. A pose de um homem invencível dada por um núcleo é desfigurada pelo outro. O grande trunfo dessas duas esferas é que o diretor consegue fazer dois filmes diferentes, com dois gêneros diferentes. A primeira, um thriller explosivo, social. A segunda, um road movie contemplativo.
Ao fragmentar o filme dessa forma brusca, irregularidades no ritmo do filme parecem inevitáveis. Principalmente por se tratar de uma interação crescente à respeito de informações sobre Marshall. De qualquer forma, as intenções de Olhos Azuis são claras e bem sucedidas. Conflitos externos são comedidos na medida certa e os internos suficientemente implícitos para transformar o filme em entretenimento e fonte para reflexões.
★★★★
Olhos Azuis (Idem, Brasil, 2009) de José Joffily
Olha só, parece mesmo ser muito bom. Fiquei curioso.
ResponderExcluirMuito bom!!!
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