 
 Vencedor  de diversos prêmios incluindo Cannes e BAFTA e com a indicação de  melhor filme estrangeiro no Oscar, Jacques Audiard utiliza como base de O Profeta  um princípio utilizado com certa demasia pelo cinema francês, que é  construir um estado de espírito através de metáforas. Neste caso, em um  filme de máfia. Todo tempo passado pelo jovem Malik El Djebena na prisão  é composto por uma atmosfera tensa, com céu sempre cinza e luzes frias,  no geral. Malik foi condenado a seis anos de prisão e a câmera de  Jacques Audiard é testemunha do processo de ascensão de um homem dentro  de um complexo esquema de máfias regida pelo tráfico de drogas e trocas  de favores.
Num  sistema carcerário comandado pela relação sempre em ebulição entre  franceses e árabes, Malik tem total liberdade e sabedoria para gozar da  miscigenação em seu sangue. Com ajuda da nem sempre linear narrativa, a  posição do rapaz em relação à prisão e seus traumas são registradas  pelas conseqüências. Ele faz as vontades de seu “chefe” e elabora planos  para seu próprio sucesso enquanto Audiard dispara analogias a questões  religiosas, políticas e existenciais que servem como pilares para a  construção do citado estado de espírito. Junto disto, a personalidade do  protagonista é construída entre a total inocência e o brutal uso do  instinto animal.
Malik  é o profeta por anunciar as “boas novas” para seus companheiros, mas  também sabe ser o Judas em momentos apropriados, rendendo explosivas  sequências de ação comandadas com primor por Audiard, provavelmente o  ponto alto do filme. Mas todos esses ensaios religiosos, políticos e  etc. não se expandem o suficiente para considerarmos O Profeta um  filme sobre mafiosos, que segue a risca a cartilha para personagens  deste porte. É sim, um filme sobre a tensão de viver em uma realidade  imposta por costumes e valores ultrapassados.
★★★
O Profeta (Un Prophète, França, 2009) de Jacques Audiard
 
 
 
Tudo sobre esse filme fascina. Quero muito ver, aliás, como os filmes anteriores de Audiard.
ResponderExcluirTenho muita curiosidade, acho que vou gostar bastante.
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