O terror talvez seja o gênero menos egoísta do cinema. Faz-se o necessário para o filme confrontar o espectador; seus medos e reações ao que a tela exibe. O terror nada mais é que uma abordagem ao efeito do olhar. A Raça Violenta é um caso atípico. É um filme feito para ele. Naturalmente desdenha o espectador e o autor, no caso, os irmãos Butcher.
A Raça Violenta atrela o vazio à gratuidade das atrocidades - a construção de um mito - de uma gangue de motoqueiros do norte da Califórnia. A reviravolta - em todos os sentidos, incluindo a estética - acontece no meio do filme. Nela se justifica a idéia de egoísmo. De uma proposta inteiramente imagética e conceitualmente pobre, o longa ganha aura fantástica e engajada para questionar a intolerância e sua pungência nos dias de hoje.
Na cena mais interessante do filme - onde uma gangue de roqueiros tortura os motoqueiros para achar Michelle, uma garota possuída - os irmãos Butcher deixam claro o desdém pela humanidade e traçam nosso futuro com bastante pessimismo, remetente ao longa de Frank Darabont, O Nevoeiro. Apesar das intenções, A Raça Violenta é um filme que não traça nenhum tipo de diálogo com o espectador. Apenas tropeça e passa o restante de sua duração se corrigindo. E consegue.
A Raça Violenta (The Violent Kind, EUA, 2010) de The Butchers Brothers
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