Da virada da última década para cá, com exceção de Moscou (2009) e Peões (2004), o cinema de Eduardo Coutinho se tornou explicitamente uma via de singularidades. No molde da busca da verdade ao ligar a câmera sem se importar com referências políticas ou sociais e teses de estudo para retratar o ponto ou cidadão comum (como fez em Edifício Master, Jogo de Cena e O Fim e o Princípio), Coutinho usa desta vez em a música para abordar complexidades comuns de relações amorosas.
As Canções exige um olhar paciente. Foge da antropologia para cavar um filme – em certo momento um entrevistado pede para ser dirigido por Coutinho – que aqui desmistifica a música como referência de casos de amor das mais variadas formas; em comum, todos os personagens cultivam frustrações, que se fundem à metodologia usada no filme.
A “intervenção da verdade” tão comum nos filmes de Coutinho continua presente. Aqui, celulares tocando não são motivo para um corte brusco. Muito menos o choro e o longo silêncio durante um depoimento. Um breve desafio para quem se acostumou ao imediatismo televisivo ou do cinema comercial. Aqui, entra a questão da busca pelo documento ou a prova da proximidade à verdade.
Porém, a desenvoltura mostrada por boa parte dos personagens/depoentes não tiram As Canções da ótica de saturação de um método que funcionou por algum tempo e que agora despotencializa suas histórias tão reconhecíveis com a identidade nacional.
As Canções (Idem, Brasil, 2011) de Eduardo Coutinho
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