Curioso ver Mr. Turner lançado direto em home
video no Brasil ao mesmo tempo que Mais um Ano (2010), penúltimo longa de
Leigh, estreia em circuito nacional. Mais uma questão de logística e falta de
confiança no espectador, pois apesar de ambos seguirem a fórmula de diluição do
drama através da trivialidade tão funcional quanto nos tempos de A Vida é Doce
(1990), Mr. Turner mais parece uma catalogação natural de imagens em função do
implícito conto de um homem contra o academicismo e qualquer farsa embutida em
discursos críticos. Leigh opta por planos abertos - a pintura dentro do escopo,
muitas vezes, literalmente -, não se priva em esbarrar em Pialat e Visconti e
menos ainda para abordar um descontraído diálogo com a chegada do cinema. Mas,
sim, há uma explicação para Mais um Ano chegar às telas no Brasil, mesmo com
muito atraso: embora tão monocórdico quanto seus outros filmes, há uma
ignorante dose de empatia na relação dos vizinhos e amigos, bem mais que o
citado A Vida é Doce. Já Mr. Turner é o encontro de mais uma possiblidade para
Leigh, que já foi de Simplesmente Feliz (2008) a Naked (1993) sem que sua marca
fosse alterada; Mr. Turner pode ser o primeiro passo para um formato ainda mais
aguçado e desafiador para Leigh como um grande compositor do indivíduo prosaico
sobre a carcaça do mito.
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