Como um filme de suposta observação do cotidiano, Roma é um filme de acúmulo de aparências. Quando Bazin abordou o respeito ao real ao falar sobre o neorrealismo italiano, o crítico francês usou a ausência de aparência como espinha dorsal de seu argumento. Acredito que Roma siga o caminho contrário, de uma observação interpelada pelas mãos pesadas de Cuarón, implorando por comentários sociais nada despojados dentro da narrativa proposta - a da força da rotina. Fica evidente, portanto, a força da segunda metade do filme, quando a câmera se inclina às sequências de cunho exclusivamente dramáticos, como uma espécie de consequência geral do que foi exposto na primeira metade. A noção de ciclo parece o desfecho ideal para Roma, um filme basicamente feito de truques e que coloca o espectador em cheque sobre entrar ou não nesta grande artimanha.
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