UM OLHAR DO PARAÍSO

 

Provavelmente nenhum outro tema dê tantas opções para sua desconstrução quanto a morte. Em Um Olhar do Paraíso, Peter Jackson explora a ligação sobrenatural de Susie, uma menina brutalmente assassinada e sua família, mas não sabe bem por qual via seguir para concretizar uma visão sobre o luto e a perda na adaptação da obra de Alice Sebold.

Jackson separa sua trama em dois núcleos de maneira tão brutal que ambos perdem forças. O drama psicológico vivido pela família de Susie tem seus fios narrativos presos à tensão, no qual o diretor chega a criar sequências que remetem ao velho Peter Jackson de Fome Animal. Quando as câmeras se aproximam de Susie, a trama ganha plástica fantasiosa para apresentar o óbvio, que é um novo, mas nada convincente mundo. Dessa vez, nos aproximamos de Jackson conhecido pela trilogia Senhor dos Anéis.

A equivalência desses dois extremos é irregular. Buracos são deixados propositalmente para que esses mundos se completem de forma lírica, mas não evita a pieguice, pois logo onde o filme teria sua força maior - que é a de explorar o desconhecido -, é onde o filme tem suas maiores falhas. A força que a trama onde Mark Wahlberg e Rachel Weisz protagonizam possui é absurdamente superior à tentativa de Jackson de fazer um paralelo da vida e a morte para desconstruir-las de forma contemplativa com toda ajuda da pós-produção.

Mas seria um exagero dizer que Um Olhar do Paraíso é uma sucessão de erros. O filme levanta a discussão sobre males contemporâneos e o valor da vida. Sendo mais claro, o filme acerta justamente quando Jackson resolve largar as amarras do peso de seu passado e busca inovar na sua maneira de fazer cinema.

Um Olhar do Paraíso (The Lovely Bones, EUA/Inglaterra/Nova Zelândia, 2009) de Peter Jackson

4 comentários:

  1. Em meio à criticas tão cruéis, é refrescante ler uma que é ao menos dividida.

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  2. Pedro, tudo bom?

    Vou conferir na estéria que será na sexta feira! Deu uma sumida, não?

    Abraço!

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  3. Eu também acho que na procura de dá ao roteiro um tom grandioso nas duas histórias enfraqueceu tudo. Enfim, das atuações só gostei da Saoirse e do Tucci (mas esse um pouco caricato), o visual é bonito mas exagerado, Mark e Rachel tem atitudes inverossímeis e o final do vilão é risível, mas acho que tem poucos méritos que façam vale a pena mesmo

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  4. Ainda não vi, mas já li alguns artigos criticando, inclusive um blog gringo colocou o filme entre os piores do ano passado... Bem, Peter Jackson é sempre um evento... quero ver apesar dos pesares...

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