Radu Mihaileanu (Trem da Vida) resolveu, através de um mosaico de referências emocionais e políticas, fazer seu ode à música. Utilizando-a além de seus costumes escapistas. A arte também pode ser ferramenta para maniqueísmos políticos ou conciliação familiar. Dentro deste ideal, vemos uma bagunça de gêneros que se enfraquecem ao tomar forma de um conto moral.
O grande trunfo de Mihaileanu em O Concerto é manter intacto o senso rítmico (trocadilho inevitável...) de sua narrativa. Vamos do humor pastelão aos destroços do regime socialista do início da década de 80 na União Soviética e do deboche religioso ao melodrama como sua cartilha exige. A consequência natural, apesar da empatia criada e de alguns bons momentos, é que seus personagens se percam – incluindo suas identidades – no meio desta bagunça.
Em seu epílogo, O Concerto finalmente escolhe um caminho a seguir e entrega uma das sequências mais belas do ano: a do concerto em si. Enquanto Andrey e Anne-Marie (os protagonistas da história) se apresentam, aflitos, para uma platéia curiosa, Mihaileanu destrincha e monta o quebra-cabeça exigido pelo texto. E justamente nesta escolha – a de fazer parte de um gênero, o diretor revela outra vulnerabilidade de seu filme, intencionado a criar situações extremas, que beiram o grotesco, que fará rir pelo desconforto e chorar graças ao apelo.
★★
O Concerto (Le Concert, França/Itália/Romênia/Russa/Bélgica, 2009) de Radu Mihaileanu
Hm, em tese, parece um tipo de filme que me comove, mas pelo visto ele é bem irregular. A ver, quando sair em DVD.
ResponderExcluirEstou curiosa para ver esse filme desde que descobri Mélanie Laurent em Bastardos Inglórios.
ResponderExcluirNão acho que O Concerto irá brilhar no Oscar.