Dentro de diversas possibilidades para contar a densa história de Angelo Tetro, Francis Ford Coppola utiliza dois métodos de linguagem cinematográfica e os separa sem muitos rodeios. Tetro é uma silenciosa busca por redenção do personagem vivido por Vincent Gallo. De tão quieto, é preciso que seu irmão Benjamin desbrave a mente do ex-escritor e lhe dê um novo sopro de vida.
Nos momentos em que apresenta seus personagens e conflitos, Coppola usa a câmera como uma acompanhante, uma mera espectadora, que por diversas vezes transforma-se nos personagens através do uso da câmera subjetiva ou de overshoulder. Angelo vive sobre o peso do passado. São diversos traumas que o diretor reconstitui invertendo uma tradição para situar o presente e o passado dentro de roteiros de cinema.
Quando uma simples história de família disfuncional vira uma complexa comparação entre vida e arte entrelaçada ao conflito direto de Angelo e seu passado, Coppola põe os dois pés no cinema clássico. Não há uma só sequência que o diretor não use o básico plano e contra plano. Há espaço para o diretor usufruir bem da luz e de sombras enquanto a vida do protagonista entra em colapso.
A história de Tetro não esbanja inovações, pelo contrário, ela é de fácil assimilação e desconstrução, mas justifica a magia do cinema, que é a possibilidade de contar uma mesma história de diversas maneiras, de inúmeros pontos de vista e sugerindo novas reflexões e idéias.
★★★★
Tetro (Idem, EUA/Argentina/Espanha/Itália, 2009) de Francis Ford Coppola
Coppola cheio de referências, mas fez um filme pessoal e bonito. De Sirk a Borzage no cinema e, na literatura, de Cortázar a Borges. Filmaço!
ResponderExcluirQue bom ver Coppola voltando à carga, fazendo o que lhe dá na telha sem ter que gastar zilhões nem esquentar a cabeça com executivos intrometidos.
ResponderExcluirutro que não chegou por aqui. Pelo jeito, este será só baixando. Mas antes quero atestar a qualidade do antecessor (bem criticado) do Coppola.
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