AMORES IMAGINÁRIOS


O cinema de Xavier Dolan é conceito e não conteúdo. Já tomava essa forma em seu debut em Eu Matei Minha Mãe, e agora em Amores Imaginários o diretor debanda em referências em diversos elementos de seu filme. Elas passeiam pela trilha sonora, nos figurinos, na arte, na decupagem… e lá estão Almodóvar, Truffaut e até Tarantino. Enfim, a possibilidade de reconhecimento de um nicho social que justifique o citado conceito é enorme já nos primeiros minutos do filme.

Como o nome entrega, Dolan conta uma história moderna, uma disputa pelo coração de Nicholas, um garoto mimado pelos pais e super cult. Os candidatos são os amigos Francis e Marie, que tem o acaso como maior inimigo. O filme acerta em seu desenvolvimento narrativo, cheio de elipses e bons momentos de humor (principalmente com os personagens ilustrativos, dando a idéia que o filme é uma reconstituição) e dão força extrema ao filme para não cair em suas próprias armadilhas.

O compromisso de ser prafrentex que o diretor tem com seu conceito, elimina qualquer chance de profundidade na construção de personagens. Eles gostam de escritores, bandas, diretores, enfim, artistas em geral, fumam até os pulmões explodirem, evitam falar sobre opções sexuais e é isso. Não saberemos nunca qual era o objetivo da conquista de Nicholas, afinal. Se essa necessidade era comandada pelo ego ou pela carência.


★★★
Amores Imaginários (Les Amours Imaginaires, Canadá, 2010) de Xavier Dolan

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