Superar seu Cavaleiro das Trevas não era tarefa fácil por justamente unir elementos favoráveis ao mergulho de um público decidido a ser agradado e a ótima composição de tensão psicológica e alusões abraçadas ao gênero. E com isso, Christopher Nolan (Amnésia, A Origem) traça Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge da seguinte maneira: primeiro o contextualiza no imaginário pop. Ignora apresentações e codificações e posiciona personagens à contemporaneidade. Depois, constrói uma teia onde conspirações, burocracia, hipocrisia e, claro, terror são trampolins para sequências de ação e surpresas, onde o mundo real se equivale aos canos de esgoto e a escuridão numa metáfora simples que afronta o universo espetaculoso dos heróis.
Bane (Tom Hardy) - vilão nem tão querido pelos fãs da HQ – é o personagem mais rico em alusões. Sua visão anárquica e caótica (menos intensa que a do marcante Coringa de Heath Ledger) dá abertura clara (que Nolan faz questão de ilustrar de forma magnífica) à posição mastigada para os leigos: o diretor usa desenhos de cena onde os personagens instigam o óbvio. Bane pode ser Jesus e também João Batista numa cena seguinte. Batman (Christian Bale), Lázaro. Ressurge para a glória de um homem que não se conhece o passado e que pode separar multidões, esta que representa o ápice do filme, delineando a visão norte-americana pós 11/09 em tom suficientemente dramático para ser considerado universal.
Ainda que a intensidade seja fragmentada pelo que nos parece ordinário após tantos filmes deste subgênero, Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge mantém seu ritmo pela crueza que trata seu protagonista; ele é julgado em diversas dimensões – Nolan o coloca como herói, símbolo capitalista e motivador de uma horda trabalhista; novamente a posição de redentor é colocada em pauta. A incerteza que inclina o diretor a discutir o renascimento de uma nação ganha proporções fantásticas no momento certo para encantar e acalmar o público carente de moralidades, geralmente domesticado pela febre e imparcialidade que os quadrinhos trouxeram.
O truque agridoce para garantir elogios termos não tira o que parece mérito exclusivo de Nolan colocando Batman em paralelo a outros heróis que ganharam sagas cinematográficas. Porém, é sintomático que seu filme seja coberto por erros maquiados pela indiferença vinda do burburinho das bilheterias recheadas de dólares – soluções expurgadas pela justa (e justificada) e necessitada ação de enquadrar o deleite. Afinal, foi para isso que ele foi feito. Nada mais que isso.
★★★
Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises, EUA/Reino Unido, 2012) de Christopher Nolan
Ae Marveco, deu 4 estrelas àquele filme infantil chamado Avengers e dá 3 e meia a essa obra prima??
ResponderExcluirOs críticos estão levando o filme muito para um lado político, bíblico talvez? Besteira, leve isso apenas como um filme que adapta história em quadrinhos e o fechamento da história de um homem que começa em Batman Begins e só isso.
ResponderExcluirGeralmente, os críticos se aprofundam demais, no que não deviam se aprofundar.