Chega a São Paulo a décima segunda edição do INDIE, que além da Mostra que faz panorama do cinema mundial, traz na programação retrospectivas especiais de Charles Burnett, Aleksey Balabanov e Kazuyoshi Kumakiri.
Comentários sobre filmes da Mostra Mundial:
URSINHO DE PELÚCIA (Teddy Bear, Dinamarca, 2012) de Mads Mathiesen
Como o nome já entrega, o filme que deu a Mads Mathiesen o prêmio de direção no Festival de Sundance deste ano desconstrói em momentos pontuais a persona de um homem fragilizado e submisso por trás do porte físico musculoso. Acompanhamos a saga do fim da carência e do início da amizade e do amor após anos de um martírio silencioso em meio a uma guerra não declarada. Um filme que equipara fluxo e conflitos sem maiores problemas.
★★★★
ALÉM DOS MUROS (Hors Le Murs, Bélgica/Canadá/França, 2012) de David Lambert
O debut de David Lambert (conhecido pelo roteiro de A Regata) consiste nos sintomas comuns de uma relação através do ponto de vista pessimista. Rejeição e arrependimento espelham a relação de Paulo e Illir, que, em tempos diferentes, tiveram que renunciar a antiga vida para continuar, sem se importar com a sintonia - seja afetiva ou narrativa por se abster da câmera como pilar linguístico.
★★
CRIANÇAS ELÉTRICAS (Eletrick Children, EUA, 2012) de Rebbeca Thomas
De conceito híbrido, Rebbeca Thomas une os dois extremos pelo tom fabuloso para resgatar o espírito de liberdade oitentista/noventista e a necessidade da quebra de paradigmas. A sensibilidade barroca de Thomas joga a favor do registro de uma época. Funciona em boa parte do tempo, mas não foge da redundância.
★★★
A GRANDE FESTA DO CINEMA (The Great Cinema Party, Coréia do Sul/Filipinas, 2012) de Raya Martin
Das cenas de arquivo que antecipam o convite à festa ("André Bazin e Andrei Tarkovsky estarão lá") e que logo remetem à mesmice americana em filmar a guerra através do século e na imortalidade da intolerância, Raya Martin cria um painel de referências no encontro de uma equipe estrangeira com profissionais de cinema filipinos. Do expressionismo alemão ao enquadramento Eisensteiniano à proximidade na desconstrução de sentimentos que o cinema traz de Blue de Derek Jarman, Martin isola qualquer tipo de intenção clara. Seu experimentalismo deve ser palatável àqueles que estão dispostos.
★★★
VALE DOS SANTOS (Valley of Saints, Índia, 2011) de Musa Syeed
Insatisfação e o sonho de recomeço servem como ponto de partida para a fria análise ao sentido de pertencer a um lugar. Família e amizades reforçam a idéia, porém, não impedem o fluxo de destruição literal de um pequeno vilarejo indiano. Vale dos Santos serve como caleidoscópio de uma nação que cresce de forma irregular, curiosamente da mesma forma que o desenvolvimento narrativo.
★★
Ótima cobertura! Me fez ficar com ainda mais vontade de morar no Rio de Janeiro. Abraços!
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