Para os familiarizados com a obra de Wes Anderson, degustar Moonrise Kingdom torna-se uma tarefa mais fácil e menos prazerosa. Pois lá está a estética ensolarada e personagens que salientam o cômico pelo porte caricato – onde diversas vezes o silêncio, suportados pela imagem, levam ao riso. Também está a sensação de mesmice que persegue o filme desde os créditos iniciais.
Moonrise Kingdom pauta a tênue linha entre o sonho infantil pela vida adulta e a realidade, quando se dá conta que ser adulto não é tão prazeroso quanto se imagina. Anderson constrói com maestria a idéia de sonho e perfeição ao inserir seus personagens em espécies de maquetes, onde a câmera passeia em belos planos-sequência. O pesadelo é externo, pronto para corrompê-los quando a porta de casa abre. O conflito é superficial por prender-se à tarefa de tornar os personagens em alvos da comicidade.
O rigor estético de Anderson deve conquistar apenas os iniciantes. Prender-se às alegorias é demonstrar segurança demais nos traços autorais e na passividade do público. Desde Os Excêntricos Tenenbaums Anderson aposta em saídas similares – aliar o mundo à aparência em forma de identificação imediata como um enigma - e seu novo projeto marca a saturação de um método. Reinventar-se parece necessário ao diretor. Porém, sempre haverá nossos espectadores prontos para o deleite visual – bem, desta vez, apenas visual.
★★★
Moonrise Kingdom (Idem, EUA, 2012) de Wes Anderson
Adorei "Moonrise Kingdom". Nunca fui um grande entusiasta dos trabalhos do Wes Anderson, mas, aqui, ele está mais seguro do que nunca - tanto em estilo quanto em enredo. Uma bela surpresa.
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