O cinema de antíteses de Quentin Tarantino está de volta e sem novidades. Não há inovações quanto ao desenvolvimento do roteiro, novamente destinado ao anticlímax, supostamente justificado pelo cotidiano em diálogos que saem dos limites da trama – a fuga de assassinos profissionais onde a pauta é o molho do Mc Donald’s em Pulp Fiction, é um bom exemplo do uso desta técnica. Django Livre também não exibe reinvenções quanto à fonte pop e a frequente homenagem ao cinema e gêneros desconhecidos.
Mesmo com a receita já consagrada pelo público, Django Livre é o filme de Tarantino que exerce mais função conceitual – muito mais próximo ao western clássico que à imediata comparação ao spaghetti da saga Django, em termos narrativos. A tradicional licença do diretor está em trilhos radicais novamente; Se Bastardos Inglórios, por exemplo, usava o cinema para aniquilar Adolf Hitler, neste o escravo Django (Jamie Foxx) adota o mito do cowboy para conquistar a liberdade plena através dos ensinamentos de um alemão caçador de recompensas.
No terreno da subversão, o filme de Tarantino é coeso quando a autoria é pungente; faz seu protagonista não abrir a boca na sequência mais importante do filme, liderada por Dr. King Schultz (Christoph Waltz, genial), Calvin Candie (Leonardo DiCaprio) e Stephen (Samuel L. Jackson) ou compõe quadros imageticamente impecáveis ao som de rap ou canções de Ennio Morricone de Django e Schultz indo em direção alvo, porém, nunca à deriva. Em momentos como esses que Django Livre ganha vitalidade, pois lentamente – Sally Menke, montadora de todos os trabalhos de Tarantino, faleceu em 2010, o que pode justificar tal ritmo narrativo - o filme se torna um jogo para acharmos traços de humanidade nesses homens entre mecanismos saturados – violência inesperada e bem humorada, o brusco superclose, as canções que reverberam junto com o filme por muito tempo, etc.
Se nos aproximamos desses homens, certamente não é por conta dos maneirismos do diretor e sim pela entrega do elenco ao espaço oferecido. Espaço este que novamente é de adaptação a um gênero sobre as marcas imutáveis de um autor que aos poucos se desgasta.
★★★
Django Livre (Django Unchained, EUA, 2012) de Quentin Tarantino
ResponderExcluir161.79.36.210
Enviado em 05/03/2013 as 14:58
Um dos melhores filmes do ano. Minha humilde resenha:
http://cinemagia.wordpress.com/2013/01/21/resenha…
Grande abraço
Tommy
Finalmente alguem coerente que nao fica pagando pau soh porque eh mais um filme do Tarantino! Parabens.
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