Não é preciso muito tempo para notar a proposta que segue convenções contrárias à narrativa clássica – supostamente desenhada para ser um thriller – em Bastardos. Claire Denis opta por ações contidas e interrompidas, tempo abstrato, estaticidade e a fuga de exuberâncias comuns na abordagem do tema e seu desenvolvimento.
Para isso há escassez de luz, elipses pontuais, cortes incessantes, e principalmente a ousadia de Denis para usar a câmera como dispositivo expositivo e ao mesmo tempo submisso ao que lhe é póstumo. Bastardosé um filme de cortes, narrado pela edição e a favor da frieza.
O mundo repleto de anti-heróis é preenchido pela aura soturna e ritmo hipnótico. E a exigência aguda de Bastardosreverbera na escolha em manter os personagens sobre perspectiva superficial. Pouco sabemos sobre eles, apenas suas falhas. E delas Denis desenvolve visão extrema e pessimista sobre o futuro – representado pelo único inocente da história, o pequeno Joseph.
A consciência que cerca esta opção de Denis se desenvolve como negação às formas e regras de um gênero. Em dado momento esta postura é a fixação do filme. Pouco há de “filme”, apenas discursos (negações). É o que Denis faz de Bastardos: nega – sem dicotomias - com justificativas cativantes contra rótulos e definições.
★★★
Bastardos (Les Salauds, França/Alemanha, 2013) de Claire Denis
★★★
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