As Delícias da Tarde (Afternoon Delight, EUA, 2013) de Jill Soloway
O clássico conflito envolvendo o encontro de personagens marginais a núcleos supostamente misciveis desta vez vem na figura de uma prostituta freelancer que trabalha de babá para um casal modernoso com a vida sexual dormente. O filme de Soloway entrega sequências constrangedoras por seguir uma fórmula - ilustrar a insatisfação de todas as maneiras possíveis pela ótica da esposa Rachel (Kathryn Hahn), esquecendo diversas vezes da figura da "antagonista". Prêmio de Melhor Direção em Sundance 2013.
★
Baseado no livro homônimo de Sophie Van Der Stap, que enfrentou o câncer aos 21 anos de idade e que de acordo com a peruca mudava de personalidade, o filme de Marc Rothemund segue a proposta de ser um feel good movie. Para isso, perde-se muito tempo com atalhos, como ilustrações e reforços, principalmente de amizade para adormecer a batalha contra a doença. Vai a composição e a naturalidade e fica o único intento do filme, o de ludibriar o espectador através de artimanhas tão pesadas como as do melodrama.
★
Night Moves (Idem, EUA, 2013) de Kelly Reichardt
Diluídos, o cerne do filme, a motivação e a construção de personagens justificam toda oposição de Night Moves. O clima bucólico cria uma espécie de lamento cadenciado através da inquietude juvenil - àquela que de alguma forma ainda supre esperança. O anúncio do fim ou a desistência antecipada, repleto de pleonasmos visuais coloca o mundo em um andor. O que resta, ao redor de todo radicalismo e pessimismo é continuar. Festival de Toronto 2013.
★★★★O conto sobre a corrupção e suas vertentes vêm através dos tradicionalismos de James Gray, de enveredar os olhos para o trivial. O cinema das sutilezas, lentamente, sem tirar o trem dos trilhos, impõe suas questões políticas e existenciais como um soco no estômago. O melodrama está em função alegórica. O filme, rigoroso, para outros fins. Competição no Festival de Cannes 2013.
★★★★
Moebius (Idem, Coréia do Sul, 2013) de Kim Ki-Duk
Sem diálogos e feito de forma artesanal, Moebius exibe a ruptura de formalidades do cinema atual para a discussão de temas comuns como a instituição familiar, submissão à doutrinas e sexualidade. De abordagem severa, principalmente por sua crueza intencional, o filme de Kim Ki-Duk vai do agradável flerte com o cinema slasher inicial à densidade emocional envolvendo pai e filho. No meio do caminho luta para achar sua identidade. Veneza 2013.
★★★
★★★
Wrong Cops - Maus Policiais (Wrong Cops, França/EUA, 2013) de Quentin Dupieux
Dupieux acerta quando sabe ser tosco. Parte de seu último filme, Wrong, e faz Wrong Cops questionar quem protege a sociedade doentia exibida anteriormente. A resposta vem numa comédia de erros apoiada no absurdo e na quebra de tabus. Um grande respiro ao que se diz como análise da sociedade americana. Cannes 2013. ★★★★
Real (Riaru: Kanzen naru kubinagaryû no hi, Japão, 2013) de Kiyoshi Kurosawa
Munido de artifícios e argumentos para colocar no mesmo patamar o lado abstrato da consciência e a fragilidade da ciência como forma de resolução e salvação, Real sofre da desproporção entre narrativa e subjetividade. Paralelamente, Kurosawa entrelaça códigos de ficção científica dentro deste mote com pretensão inédita em sua filmografia. Festival de Toronto 2013. ★★
Our Sunhi (U ri Sunhi, Coréia do Sul, 2013) de Hong Sang-Soo
A criatividade de Hong Sang-Soo para fazer filmes sobre cinema, amor e cerveja parece não ter fim. E este parece ser o seu ápice, entrelaçando muito bem a falácia comum de seus filmes com o paralelo bem humorado sobre a crise envolvendo o cinema, desde os cursos até a compreensão de filmes através da figura de Sunhi, garota capaz de levar homens do céu ao inferno em poucos segundos. Assim como a matéria-prima de Soo. Festival de Locarno 2013.
★★★★
Corredor da Morte II (Death Row Portraits, EUA, 2013) de Werner Herzog
Baseado no avassalador Ao Abismo, Um Conto de Morte, Um Conto de Vida, este possui fronteiras e fórmulas a seguir, pois se trata de uma série. Portanto, Herzog tenta se aprofundar mais nos casos que nas motivações ou na aproximação dos personagens. O tempo é curto e se justifica. O esforço também. Porém, o parâmetro de comparação vem à mente com intensidade. Festival de Locarno 2013.
★★
Only Lovers Left Alive (Idem, Reino Unido/Alemanha/EUA/Chipre/França/EUA, 2013) de Jim Jarmusch
★★★★
★
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