Da 5 Bloods (Spike Lee, 2020)




Como um filme de resgate, referências e reverências, é importante notar que Da 5 Bloods começa com o mesmo mecanismo que Infiltrado na Klan se encerra. As imagens como argumento que dão ao novo filme de Spike Lee a ideia de uma sequência e revisita. A revisita pode ser literal quando ex-combatentes da guerra dos EUA no Vietnã voltam ao local do confronto e frontal como um impaciente suspiro que leva o diretor a contar mais uma vez uma história de intolerância pela ciência em ser um assunto, infelizmente, ainda atual. Mais frontal, obviamente, com o raciocínio que o passado respinga no presente de forma mais incisiva quando assim deseja, e por outro lado, orquestra um tipo de relação que está mais para um filme do Linklater que do próprio Lee que tanto narrou histórias nas ruas de Nova York. A evidência mais clara da contemporaneidade deste discurso está no protagonista Paul, representação de concomitância de interesses do eleitor de Donald Trump. Enquanto esta relação mais fluída entre personagens se emparelha às brechas que Spike Lee utiliza como discurso e imagem - são diversas as referências e passam longe da inovação em sua filmografia, ficam os momentos realmente diretos à câmera. Por lógica, a diluição deles se encontra em todos os cantos do filme, mas o que realmente empolga são os momentos-reflexo que Lee encurrala seu filme no quadro, esquece o jogo de passado e presente e as trocas de janelas de exibição para jogar seus enunciados de maneira cristalina. Da 5 Bloods pode ser mera justificativa para momentos como este - e que valem muito.

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