Cry Macho (Clint Eastwood, 2021)

 Eu não sei como curar a velhice. 

É impressionante como Clint Eastwood no alto de seus 91 anos de idade faz de Cry Macho um filme coming of age. Certamente um filme de amadurecimento em via dupla e de múltiplas camadas a partir de visões filosóficas e políticas envolvendo o ex-cowboy Mike e o jovem Rafo, porém o que ganha destaque no filme é como sua abordagem quase protestante - nada realmente novo na filmografia de Eastwood - ganha novos contornos. Principalmente quando o realizador usa a delinquência, de modo geral, a colocar Mike como um Messias que ensina (e também aprende) como um norte ao livre arbítrio. É deste mesmo ponto que Clint permite que seu corpo sugira cenas de ação ou se apaixonar e até mesmo conformar-se com suas tragédias no espaço que o pede para não se conformar com o mundo. Cry Macho transporta o sacro para seus lugares mais políticos - é na divisa do México com os EUA que a ruptura se faz clara para outros fins. E nessas duas vias Cry Macho se faz como um filme de simbolismos e reversões pungentes sobre o agora.

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