Tempo (M.Night Shyamalan, 2021)

 

A História do Olho

Enquanto Tempo se faz o filme mais incisivo como análise social por seu escopo mais amplo diferentemente de filmes como A Vila, Fim dos Tempos e Depois da Terra, o que me parece mais pulsante é a posição do olhar na narrativa. O gênero novamente serve como uma casca para concepções intrigantes a cerca do cotidiano social - que vai da vida em família à sociedade como um todo. Um escopo colossal porém palatável quando o tempo age como matéria agenciadora de um exercício crítico que se publiciza através do horror, ou seja, do lado expositivo. Para isso é contundente a posição que Shyamalan dá ao olhar e como reforça, ao contrário dos outros filmes citados, como uma obra de autor, de sua intromissão explícita na sensorialidade  que alerta sobre Tempo ser um manifesto e também um filme, antes de tudo, aberto para artifícios e inventividade. Afinal, sua matemática sobre o maior de nossos recursos existenciais e suas incontáveis metáforas e dissoluções resumem a como utilizá-lo. E sempre com o olho, o mais manipulável dos sentidos.


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