IMPORT/EXPORT


A característica apatia usada por Ulrich Seidl agora mostra para o resto do mundo o que o leste europeu parece esconder em uma condição muito conhecida pelos brasileiros:  A falta de oportunidade, sob um olhar demasiadamente negativo.

Acompanhamos a história de Olga e Pauli, dois jovens sem perspectiva de um futuro frutífero. Olga se sustenta a base de empregos alternativos fora o de enfermeira, que certamente o mantém para criar uma imagem imposta pela sociedade, pois seu trabalho como stripper pela internet é mais rentável. A infelicidade a domina e a leva para uma aventura na Áustria. Já Pauli faz o caminho inverso. Sem emprego e vivendo num país que ainda escuta os ecos da segunda guerra, viaja com seu padrasto levando máquinas caça níqueis para a Ucrânia.

Ulrich mantém o que o consagrou em Dias de Cão. Sua direção é levada pelas emoções, mas sem nenhum esforço em criar elos com seus personagens e os espectadores. Ulrich impõe duras críticas em cenas que podem parecer avulsas, mas na verdade são de uma força extrema maior que uma narrativa mais didática nos ofereceria, calçada em imagens que se utiliza de uma beleza fotográfica incrível, mas seus elementos e personagens de cena são completamente arruinados ou colocados na posição de ridículo, deixando explícita a idéia pessimista vinda do diretor.

Nesta fantasiosa esperança por uma vida melhor, principalmente no lado de Pauli, que é obrigado a aturar seu padrasto que se ilude a todo momento com uma boa vida, vemos uma urgência da parte dos protagonistas, que aparentemente usufruem de histórias opostas, mas ligados pela ilusão extrema que os colocam - pelo desespero - na mesma situação.

Em cenas que o pudor é deixado completamente de lado, cada personagem exibe sua desconfortável relação com a rotina e o novo idioma. E onde cada suspiro de uma nova vida é devidamente cortado por um abrupto golpe do destino, isto é, o destino é o nome dado para a previsibilidade de vidas que não conseguem ver para onde remar, para onde seguir. O que o diretor Ulrich Seidl deixa claro para nós é que Import Export é um intercâmbio da miséria, não necessariamente financeira, pois parece que o vazio dentro de seus personagens vai muito além do vazio dos bolsos.


Import/Export (Idem Austria, 2007) de Ulrich Seidl

6 comentários:

  1. Olá PedroGosto bastante de filmes europeus, eles têm uma temática bastante interessante. OBRIGADO PELA DICA.PS: Dediquei um selo para o cinemaorama lá no meu blog.Abraços e até mais.

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  2. Olá, gostei do teu blog, quando der visite o meu: Cine Dewonny = <a href="http://www.cinedewonny.blogspot.com/http://www.cinedewonny.blogspot.com/<br />E esse filme já me recomendaram!Já to sabendo..hehe..Abs! Diego!

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  3. Ouvi muito falar deste, mas não vi ainda!

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  4. Valeu mesmo pelas indicações e notícias na barra —>Tenho assistido praticamente todas suas indicações e críticas!Até

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  5. Confesso que ainda não tinha ouvido falar desse filme. Fiquei curioso, se bem que a trata de temas que podem parecer caricatos se não forem bem trabalhos – o que não deve ser o caso…

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  6. Pedro, recebi um selo essa semana e repassei-o para você. Apesar de você já tê-lo recebido, merece recebê-lo novamente, pois gosto bastante dos seus textos.Depois veja-o no meu blog.Abraço!

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