Paula van der Oest (Zus & Zo) tentou entronizar de todas as maneiras a poetisa Ingrid Jonker - conhecida pela leitura de seu poema “Die Kind (The Child)” por Nelson Mandela na abertura do parlamento democrático em 1994 – como pilar do engajamento político e social em Borboletas Negras, mas seu olhar preponderantemente romântico trilha rumos opostos à proposta inicial.
Der Oest retrata a vida adulta da poetisa passada na Cidade do Cabo durante o Apartheid e potencializando sua tendência autodestrutiva alimentada por uma  intensa relação com seu pai, um famoso escritor direitista, no qual  travou explosivas batalhas egocêntricas e políticas.
Jonker  teve a vida passada intensamente consumida à margem de um trágico fim.  Mãe distante, que abortava qualquer chance de construir uma carreira,  ela precisava de amparo – necessidade amplificada após testemunhar um  brutal assassinato de uma criança – e melhor ilustrada na relação  inconstante com o também escritor Jan.
Portanto,  as motivações pessoais levaram Jonker a explorar o lado subversivo e  ativista como um reflexo natural de seus traumas, não por engajamento  político ou missão de vida. Esta idéia se reflete na direção de der  Oest, que nunca toma a figura da protagonista para si. Ameaça diversas  vezes utilizar a câmera subjetiva, mas prefere localizar-se ao lado da  personagem interpretada por Carice Von Houten. E por envernizar todos os nuances conflituosos do filme, Borboletas Negras inevitavelmente anula a pungência e se consolida como um filme agridoce.
Borboletas Negras (Black Butterflies, Holanda/Alemanha/África do Sul, 2011) de Paula van der Oest

 
 
 
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