Corneliu Poriumboiu sabe usar uma ferramenta tão potente como o cinema para levantar questões. Em Polícia, Adjetivo, o que o diretor pretende é colocar – de forma nada neutra - em pauta temas como lei, dependência de “corporações” e a necessidade de se controlar o usuário de drogas como um meliante ao invés de um dependente numa narrativa oponente à de uma trama policial.
Mas a construção do longa de Poriumboiu é totalmente subjetiva. Suas intenções são impostas em situações cotidianas e tomam corpo em forma de letra de música ou expressões. Na entediante rotina do policial Cristi atrás de um jovem usuário de maconha, o que vemos é pressão para o caso ser concluído e a urgência de mostrar trabalho feito por seus superiores. Poriumboiu deixa explícito que lei, polícia e meliantes formam um sistema funcional, sempre em planos estáticos, sem emoção, apenas, observadores.
Por outro lado, toda essa escassez de ação ou até mesmo de diálogos na maior parte do tempo, criam uma barreira para o espectador - o filme intercala entre longas cenas que Cristi inconsolávelmente espera o garoto apresentar alguma brecha que o coloque em flagrante e outras que interferem brutalmente o marasmo criado, dominadas por rápidos diálogos repletos de informações.
Sim, Polícia, Adjetivo é um filme que possui irregularidades em seu ritmo e conseqüentemente borra as intenções proferidas em seu texto, porém a discussão levantada por Poriumboiu e sua cena final onde Cristi tem um embate físico com a hipocrisia do sistema representada por um dicionário, já valem o ingresso.
★★★
Polícia, Adjetivo (Politist, adj., Romênia, 2009) de Corneliu Porumboiu
parece mais um romeno bem interessante como exercício de gênero.
ResponderExcluirÉ mais ou menos o que eu tenho lido por aí... Vou vê-lo sem pretensões.
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