Muito se fala do resgate de uma linguagem particular, mas essa não é a palavra certa para definir O Mágico, homenagem de Sylvain Chomet ao falecido diretor Jacques Tati, que escreveu o roteiro original do filme. Chomet ordena seu espectador a brigar com sentidos mais inquietos. É preciso desligar-se de um mundo caótico, barulhento, ligeiro e muitas vezes dispensável. Referências à Tati estão por todo canto do filme, visuais ou não, apesar do diretor não perder em nenhum momento traços autorais.
Comprimida na proposta imaginária da elegância francesa, Chomet narra lentamente uma dúbia história de amor. Nela está o fracasso profissional, a decadência econômica, a amizade e a falsa ilusão de eternidade. As múltiplas possibilidades de interpretação casam ao objetivo de anular a gratuidade dos diálogos no cinema e alinhar o que Tati e Chaplin tinham de comum na forma de expressão.
Portanto, reverenciar um modelo, uma época praticamente perdida para o dinamismo que o mundo moderno pede é o que O Mágico faz. Onde se aproveita cada momento oferecido pelo acaso, pela almejada liberdade, onde a paixão é consumida até o seu fim.
★★★★
O Mágico (L'Illusioniste, Reino Unido/França, 2010) de Sylvain Chomet
Vi poucos filmes do Tati, acho que só uns 2, mas adorei a pequena amostra. Acho "As Bicicletas de Belleville" um pequeno tesouro francês e quero muito conferir logo esse novo trabalho do mesmo diretor. Resta esperar chegar por aqui ;)
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