Para quem conhece Mal dos Trópicos e Síndromes e um Século, principais obras de Apichatpong Weerasethakul, sabe a importância que o diretor dá a relação homem/natureza/espiritualidade. Tio Boonmee volta à analise onírica, desta vez de forma mais acessível. O filme, vencedor da Palma de Ouro em Cannes, pauta a relação de uma família com a morte quando entes falecidos resolvem reaparecer para cuidar de Boonmee, que tem sérios problemas nos rins.
A viagem é menos hermética e mais abrangente que a da força da natureza de Mal dos Trópicos e da homenagem do diretor aos seus pais em Síndromes e um Século, mas ainda tem sabor de requentado ao unir os dois extremos destes filmes em Tio Boonmee. A crença do diretor mais uma vez é o pilar da história, que em menor quantidade dá abertura às múltiplas interpretações ao discutir a fragilidade humana.
O roteiro, sem originalidade, dá pano para a sempre impressionante plástica e os sempre belos planos elaborados pelo diretor, que na última sequência sai de seu conforto para investigar a causa mortis do mundo. Bonito, mas avulso em relação ao resto do filme, que consegue respirar graças aos instigantes personagens e a lírica construção de diversos paralelos espirituais e sociais.
★★★
Tio Boonmee Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas (Loong Boonmee raleuk chat, Thailanda/Inglaterra/França/Alemanha/Espanha/Holanda, 2010) de Apichatpong Weerasethakul
A Isabela Boscov fez um texto interessante sobre este filme. O seu dá outra visão sobre a obra, mas eu sou curiosa para assistir longas neste estilo.
ResponderExcluirNossa… que título curioso.
ResponderExcluirFiquei interessado, nunca tinha ouvido falar do diretor.