Entre as montanhas do interior do Rio Grande do Sul está Cotiporã e lá, no Morro do Céu, vive a família Storti. E como registro do cotidiano da família – principalmente dos jovens Bruno e Joel -, o diretor Gustavo Spolidoro aborda diferenças entre o realismo e o naturalismo através da linguagem documental em um cenário de causar inveja a Antonioni.
Morro do Céu romanceia a entrega de garotos a um mundo que os sufoca. O caçula Bruno tem as mesmas motivações e preocupações que qualquer outro jovem: ser aprovado na escola, festas e sua paixão juvenil. Integrado à realidade da vida rural do local, o garoto silenciosamente almeja vôos maiores. A escola seria trocada por uma viagem à Itália – uma tímida declaração de amor aos pais – e sua paixão em pouco tempo seria um bem sucedido casamento. O fim do carnaval, para Bruno, pontuaria o início de sua nova vida. É importante frisar que o longa dispensa qualquer resquício melodramático apesar do flerte com o lado ficcional. Spolidoro joga com a decupagem.
Os Storti são personagens reais. Carregam, de fato, seus nomes e personas, sem escapar da mise en scene. A natureza protagoniza e ilustra este desconforto com o infinito horizonte verde formado por grandes montanhas. Acompanhamos diversas tentativas de fuga. Possibilidades e questões se formam entre diálogos corriqueiros. Para eles, basta se esconder até o carnaval chegar e parabenizar quem construiu o esconderijo. Só não se sabe quando o carnaval termina.
Morro do Céu (Idem, Brasil, 2009) de Gustavo Spolidoro
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