Ao visitar moradores de coberturas luxuosas de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, o diretor Gabriel Mascaro leva Um Lugar ao Sol ao inevitável cerne: a discussão da posição geográfica em relação ao poder e ao status. E o que vemos são quadros agudos de insegurança, apresentados de formas distintas.
Com o crescimento do mercado imobiliário e o valor do metro quadrado, Mascaro alerta para o futuro: um mundo sem identidade e guiado por excentricidades. Em comum, os depoentes têm o topo do prédio e visões extremas da realidade. Alguns iniciam seus discursos com os pés no chão, costurando naturalmente – sem pedido do diretor, reforçado apenas pela montagem de Marcelo Pedroso, diretor do ótimo Pacific – o lado social do debate, até atropelarem suas opiniões com alguma intolerância. É importante ressaltar que se trata de um filme aberto, em que a equipe entra na residência do personagem, liga a câmera e o deixa falar sobre a vida em uma cobertura, criando, assim, qualquer possibilidade e rumo para o resultado final. Numa específica cena esta proposta fica evidente junta à malversação das palavras e o abandono do quadro da câmera, onde a religião é o tema discutido.
Alguns entronizam o espaço, outros a vista, a privacidade e até a guerra de favelas rivais como espetáculo visual, mas no fim, chegam a uma só conclusão com o mesmo discurso distorcido de antes. Um Lugar ao Sol é eloquente por ceder as articulações do roteiro aos personagens – todos, em suas análises sociais e existencialistas, apresentam conflitos e os resolvem. Nem sempre para o bem.
★★★★
Ai, pensei que se tratasse do clássico de George Stevens… rsrs
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