360


Esqueça o elenco estelar de 360. Seu vértice é a identidade de Fernando Meirelles, idolatrado por filmes dirigidos em parceria, no caso Domésticas (Nando Olival) e Cidade de Deus (Kátia Lund). Seu novo filme é o reencontro com o lado publicitário, anti-autor, de funcionalidade e de finalidade simples: puro entretenimento.

Sendo assim, Meirelles abusa do conhecimento que espelha macetes desgastados no cinema de gênero nos últimos anos: roteiros e planos fragmentados, em moisaco, com fusões de péssimo gosto e que, ironicamente ou não, buscam a idéia de ciclo (o tal 360). Esqueça o o homem inventivo que seguiu uma galinha com a câmera presa a um cabo de vassoura; atrele sua expectativa ao significado literal da palavra “diretor”.

Inspirado no texto do dramaturgo Arthur Schnitlzer e rondando relações amorosas, traições e traumas, o filme de Meirelles não foge do resultado magro; tramas paralelas e igualmente marginais, de bordas, não reforçam o filme em qualquer sentido. Fica a impressão que 360 foi um longa feito unicamente para atores, para exercício de misè en scene com nomes relevantes do mainstream internacional e nacional.

Cabe a análise da carreira de Meirelles como produtor, publicitário ou até mesmo uma retrospectiva de seus filmes antes de assistir 360, com amplitude de linguagem e senso fílmico. Pois seu novo filme faz parte de uma linha ao não esconder acessibilidade, de desagregar o cinema e torná-lo em organização e produto.

360 (Idem, Reino Unido/Austria/França/Brasil, 2011) de Fernando Meirelles

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