Para Pablo Berger, diretor de Branca de Neve, cabe logo transparecer que não se trata do cinema “do outro”. Pois da possibilidade de adaptar um conto mundialmente conhecido como o dos irmãos Grimm aos meandros que incitam a identidade espanhola – em especial a tourada e a tragédia -, a nova Branca de Neve poderia seguir uma série de regras para se configurar como homenagem, releitura, etc.
É notório que Berger traz à seqüência de tragédias na vida de Carmen a carga dramática que delimita campos para fazer um jogo majoritariamente estético. Branca de Neve em nenhum momento é releitura, portanto. Das referências góticas – principalmente no contexto político, ao contraste direto com a conhecida versão animada de 1937, Branca de Neveusufrui de uma série de influências como o fascinante flerte entre o método de Griffith de narração e diversas vertentes visuais (os filmes russos, alemães e norte-americanos, todos da década de 20).
Em livre adaptação, Berger mostra visão pessimista e não menos irônica sobre a humanidade, usando elementos principais da história como norte, apenas. Não há cartilhas a seguir e assim, fica a sugestão ao deleite visual. Filmado em 16mm em janela 1:33:1 e sem diálogos, a conversa maior é com o próprio cinema e o ritual do olhar, contemplar, acompanhar. Um desafio nos tempos do imediatismo.
★★★
Branca de Neve (Blancanieves, Espanha, 2012) de Pablo Berger
Este filme provavelmente iria passar despercebido por mim...
ResponderExcluirMe interessou bastante agora. Fiquei curioso pelo fato de tomar como partida o conto dos irmãos Grimm, mas principalmente por todo esse requinte técnico que o filme parece ter e por não possuir diálogos.
Torcer para passar por aqui...
Oi, Bruno! Esse é o grande trunfo do filme de Berger. Se passar por aí, aproveite!
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