Numa pesquisa recente, Clint Eastwood foi considerado o cineasta mais popular pelos americanos. Não é a toa que o diretor tenha toda essa confiança do público. Ele tem a noção de quando ou não deve ter cautela para costurar os conflitos em seus personagens e como construir seus filmes sem manter cacoetes. Em Invictus, seu trigésimo filme na direção, Eastwood se abstém de maiores macetes para deixar implícita a manipulação do cinema, mas sabe bem usá-las em momentos oportunos.
Por exemplo, o diretor usa uma artimanha nostálgica para nos convencer de que Nelson Mandela é aquele que vemos na tela, quando se trata de Morgan Freeman (brilhante, por sinal). Estamos falando primeira sequência do filme. E funciona. Mandela saiu da prisão pronto para disseminar a luta pela igualdade num invejável exercício de perdão. Após 27 anos dentro de uma cela, ele achou a saída certa para ao menos trazer esperança para um país dividido pelo Apartheid. Eastwood sabia a força que a história carregava, por isso escolheu que suas câmeras servissem apenas de testemunhas, só as libertando para tornar o filme em um espetáculo visual quando fosse conveniente para a narrativa.
A ousadia do então novo presidente foi de se aproximar de um esporte trazido pelos colonizadores ingleses, onde os brancos eram soberanos em sua prática e para piorar o quadro, não apresentavam bons resultados. Invictus é sobre uma jogada social e psicológica de Mandela. Só dele. Por isso Eastwood tem essa postura de se esconder atrás da grandiosidade dos fatos, com a tarefa de narrar apenas, abandonando a construção de personagens e conflitos maiores para se focar apenas na aura que ronda a tensão do momento.
A marca autoral está em poucas, porém antológicas cenas em que Eastwood nos lembra que estamos à mercê de surtos emocionais a qualquer momento. Na verdade, isso não importa, pois a esta altura já estamos totalmente vencidos pelo impacto sugerido pela história que Eastwood comanda com louvor: simples, direta, e emocionante.
★★★★
Invictus (Idem, EUA, 2009) de Clint Eastwood
Legal sua crítica, fiquei ainda mais curioso pelo filme. Tentarei assistir neste fim de semana.
ResponderExcluirParece pouco de Clint Eastwood, mas apesar de ter inúmeros e exaustivos clichés, consegue ser um bom filme e com um (surpreendente) amor delicioso.
ResponderExcluirApesar de não termos lá um gosto muito parecido com o seu, prefiro acreditar no seu texto que em outras críticas. Eu gostei muito dos últimos filmes do Clint e ele é um cara que inspira confiança. Consegui resistir ao download e vou assistir no cinema esta semana! o/
ResponderExcluir[]s!
Clint Eastwood anda inspirado ultimamente. Mesmo esse não sendo dos meus preferidos dele, ainda assim é um ótimo filme! Quero mais da parceria Clint-Freeman e to ansiosa pelo próximo filme dele.
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