VÍCIO FRENÉTICO

 

Em um tempo que seqüências e remakes dominam o mercado cinematográfico, o que levaria um mestre como Werner Herzog a entrar nesse time? A chance de fazer uma irônica desconstrução da decadência americana. Herzog arruma um meio de deixar o filme com marcas autorais, como movimentos de câmera nada sutis e planos criativos.

A decadência pode ser explicitamente americana, mas as críticas pingam em todos nós. A releitura de Vício Frenético (1992) é um retrato fiel de uma sociedade que arruma problemas para conseguir viver, que é viciada em vícios e que para se sentir livre tem que ser refém de algo ou alguém. Essa é a vida do policial corrupto Terence McDonagh, vivido por Nicolas Cage em forma que há muito tempo não se via. Terence tem em sua consciência o alerta de que vive no extremo, mas é fraco o bastante para lutar contra suas fraquezas.

Essa é a chance de Herzog colocar em cheque a hipocrisia e a integridade de uma nação sob a pele de um homem, sem fazer disso um dramalhão ou adotar as características de um thriller; O diretor prefere a linearidade, utilizando a câmera como voyeur de um triste cotidiano, aproveitando as aventuras lisérgicas do policial de forma surreal.

Mesmo com todos os anseios de fuga de linguagem e aspectos técnicos batidos, Vício Frenético tem em suas entranhas todos os clichês de filmes de ação. Seja lá qual for a intenção de Herzog em mantê-los, o frescor de uma releitura é trocada por redundantes e previsíveis seqüências em certos momentos.

★★★★
Vício Frenético (The Bad Lieutenant: Port of Call - New Orleans, EUA, 2009) de Werner Herzog

7 comentários:

  1. eu achei brilhante, só perde um pouco a força se comparado ao do ferrara. mas como é q tu achou previsível?? digo, poucas coisas são menos previsíveis do que um filme em que uma alma aparece dançando.

    ResponderExcluir
  2. Estou bem curioso, mas antes vou procurar o filme original.

    ResponderExcluir
  3. Um filme OK que por algum motivo vem sendo muito elogiado.

    ResponderExcluir
  4. Pelo que ouvi falar de Vício Frenético, não tenho a mínima vontade de ver. Além do mais, o Nicolas Cage não atua em filmes bons há quanto tempo? Muito tempo. Passo longe desse aí.

    Abração!

    ResponderExcluir
  5. Alexsandro Vasconcelos, pelo o que você ouviu falar por ai, pode ser, mas pelo o que você (ESPERO) tenha lido aqui, "Vício Frenético" é um bom filme. Lamento por você passar longe de um filme Werner Herzog.

    ResponderExcluir
  6. Ah, nada a ver isso que você falou no último parágrafo. xD Brincadeira. Mas não me lembro de nada disso não. Eu gostei bastante, me diverti muito e me surpreendi com Cage. E com Herzog, já que não tinha visto nada dele. É, eu sei, um absurdo.

    []s!

    ResponderExcluir
  7. Oh Eva, just keeps getting hotter

    ResponderExcluir

TRÊS AMIGAS (Emmanuel Mouret, 2024)

  Parece uma extensão de Chronique d'une liaison passagère e Love Affair(s) com olhar menos formalista de uma teia de amores e tragédi...